Palavras de Karl-Heinz Rummenigge, antigo CEO do Bayern
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Karl-Heinz Rummenigge, antigo CEO do Bayern, falou esta terça-feira ao podcast “Tomorrow Business & Style” sobre a crise que atravessa o gigante bávaro.
Recorde-se que o gigante de Munique corre o risco de ser eliminado pela Lázio nos oitavos de final da Liga dos Campeões (perdeu 0-1 na primeira mão, em Roma) e de, pela primeira vez em 11 anos, não se sagrar campeão alemão (está a 10 pontos do líder Bayer Leverkusen) no final da temporada.
Um momento negro que, para Rummenigge, se deve à “falta de hierarquia” na equipa bávara.
“Sou absolutamente a favor da hierarquia. Uma equipa com uma hierarquia clara vai funcionar sempre. Em 2020, tivemos uma hierarquia superior: Manuel Neuer na baliza, David Alaba na defesa, Thiago no meio-campo, Thomas Muller no centro do ataque e Robert Lewandowski no ataque. Na minha opinião, cometeu-se um grande erro ao desprendermo-nos de uma hierarquia de topo sem necessidade. Cheguei ao Bayern com 18 anos e estavam Maier, Beckenbauer e Gerd Muller, os chefes do campo. Todos estavam atrás deles e sempre funcionou. Sempre que tivemos uma hierarquia funcional no Bayern, tivemos êxito”, defendeu.
O antigo dirigente máximo do clube alemão considerou ainda que a equipa sente falta de um treinador que se enquadre melhor no seu estilo de jogo, tal como Jupp Heynckes ou Pep Guardiola.
“É um facto que agora mudamos de treinador com muita frequência. No passado, tivemos momentos em que a continuidade era melhor, também porque tínhamos treinadores que encaixavam melhor no Bayern, como Jupp e Pep. Não é acaso que ainda continuemos amigos, porque o que nos unia era mais do que o futebol. Eu jantava com Pep quase todas as semanas, bebíamos uma bela garrafa de vinho tinto e falávamos de Deus e do mundo. Tínhamos uma relação estupenda, de confiança. Precisamos de voltar a encontrar esse tipo de treinador, o que será difícil”, admitiu.
Em jeito de conclusão, Rummenigge deixou grandes elogios ao trabalho realizado por Xabi Alonso no Bayer Leverkusen, garantindo ainda que, se conquistar o primeiro campeonato alemão da história do emblema, isso não será um desastre para o hegemónico campeão em título.
“Todos na Alemanha estão a celebrar agora porque tentaram [ganhar a Bundesliga] durante 11 anos, mas não conseguiram. Agora o Leverkusen provavelmente irá ganhar e merece-o, porque não só estão a ser bem-sucedidos como têm praticado também um futebol atrativo. Se o Leverkusen acabar por ganhar o título, creio que não será dramático para o Bayern. Temos de aceitar a derrota com estilo e dizer: ‘Ganhámos 11 vezes seguidas, mas não conseguimos o 12.º’. Agora temos de trabalhar no duro e de melhorar para voltarmos a ganhar nos próximos anos, para que as pessoas continuem a celebrar, ainda que agora não tenham motivos para o fazer”, concluiu.