"Se estivesse na situação dos jogadores do Sporting diria: mas que bom é ir para a Rússia"
Simões, antigo jogador da Seleção Nacional, comentou a atualidade no Sporting, à margem da apresentação de um livro, onde também estiveram Nuno Valente e Toni.
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Os antigos internacionais Nuno Valente, Simões e Toni consideraram que as rescisões dos jogadores do Sporting que representam Portugal podem ter um efeito positivo no desempenho no Mundial'2018.
Estes antigos representantes da equipa das quinas, que falavam à margem da apresentação do livro Memórias de Nação Valente - Portugal nos Mundiais de futebol, escrito por Afonso de Melo, não têm dúvidas em reconhecer a situação que se vive atualmente como uma página negra para o clube de Alvalade e para o futebol português.
"Vivi em muito países, até com culturas mais complicadas, creio até um pouco menos desenvolvidas, nunca pensei que isto pudesse acontecer. É preciso olhar para isto com mais responsabilidade. Espero que isto pare e que não volte a acontecer, mas estou completamente desapontado com as pessoas que mandam no futebol. Para mim isto é um autêntico lixo. Tem de parar", afirmou António Simões.
Nuno Valente vai mais longe, lembra que Portugal é campeão europeu em título, motivo pelo qual esta situação que se vive no Sporting, clube que viu hoje William Carvalho, Gelson Martins e Bruno Fernandes (todos ao serviço da seleção portuguesa) rescindirem unilateralmente o contrato, tem um impacto maior fora do país.
"Há muita instabilidade. Para quem gosta de desporto e isso não é bom. Portugal é campeão europeu e isto não é bom porque, além-fronteiras, todos sabem o que se passa. Para os jogadores não é fácil. Não é uma situação que eles queriam viver. Mas estando num Mundial, eles vão colocar isto de lado. Estão numa grande montra e podem ter oportunidades para jogarem noutros campeonatos e por isso vão estar muito motivados", disse.
E é precisamente neste ponto que Simões considera até ser um alívio para estes três jogadores, que se juntam a Rui Patrício, que já tinha rescindido na semana passada, o facto de estarem no Mundial, mas deixa um recado aos empresários.
"Se estivesse na situação dos jogadores do Sporting diria: 'mas que bom é ir para a Rússia representar o meu país, pelo menos durante algum tempo não tenho lixo à minha volta'. Se porventura estes jogadores saírem, espero que os seus representantes o façam de uma forma moderada, discreta e com responsabilidade. Se isso acontecer não há razões para estarmos preocupados", defendeu.
Para Toni, a experiência em alta competição destes atletas ajuda a minorar eventuais danos, embora reconheça que o selecionador nacional tem um grande desafio pela frente.
"Esta situação não é fácil de trabalhar, mas os jogadores são experientes. Fernando Santos tem um grupo muito forte do ponto de vista físico e mental. De certeza que vai tentar os jogadores ultrapassem uma situação que mexe com o presente e com o futuro deles. Não é fácil de trabalhar. É uma bomba que cai no Sporting e na seleção. Espero que os efeitos colaterais de um lado e do outro sejam ultrapassados", concluiu.
Além de Rui Patrício, William Carvalho, Bruno Fernandes e Gelson Martins, Daniel Podence e Bas Dost também já apresentaram a rescisão dos respetivos contratos alegando justa causa, na sequência das agressões que jogadores e elementos equipa técnica sofrerem na Academia do Sporting, em Alcochete, em 15 de maio.
Dos cerca de 40 atacantes, 27 foram detidos e ficaram em prisão preventiva.
Portugal, que integra o Grupo B do Mundial'2018, na Rússia, entra em prova no sábado, às 19:00, frente à Espanha, em Sochi, e depois terá pela frente Marrocos, dia 20, em Moscovo, e o Irão 'de' Carlos Queiroz, em Saransk, a 25 de junho.