Sá Pinto: "Foram ataques estratégicos, não me iria meter no Irão no meio de uma guerra"
Assinar por um clube de um país em guerra (Irão) parecia loucura, mas há um espírito de missão no regresso ao Esteghlal. Sá Pinto já trabalha no Esteghlal, do Irão, depois de ter sido apontando ao comando durante a troca de mísseis com Israel. Puxa pelas motivações e desfia o contexto de cada passo dado.
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Há acontecimentos que ficam presos na história, fragmentos imutáveis, sobram os contextos para quem os requisitar ou procurar. O conflito entre Israel e Irão, com abertura de ataques feita por Jerusalém, durou de 13 a 24 de junho. Inquietações várias pelo globo, rastilho de alvoroço, o Mundo assustado com a escalada, já estavam envolvidos os Estados Unidos, a 23 de junho foi anunciado Sá Pinto no comando do Esteghlal, um dos históricos emblemas do Irão, sedeado na capital. O técnico português, conhecido também pela sua alma e temperamento, habituado a cenários difíceis, atrevia-se a um quadro de guerra, ao ser confirmado técnico numa altura insólita, desabrochando a surpresa e a perplexidade numa decisão com contornos de coragem, mas, sobretudo, vigorosa paixão. Sá Pinto, o velho Sá ‘coração de leão’, fiel à sua matriz, destemido e sem paninhos quentes ou travões oportunos. Brincou-se e ironizou-se, fosse o técnico uma cartada política no meio de uma zanga feroz internacional, transformada em pesadelo, um céu com mais mísseis que nuvens, rogando-se o fim dos bombardeamentos. Não foi fogo de vista nem apelo mediático, poucos dias depois surgia a oficialização, já se acalmara e dissipara a carga bélica entre os países. Aclamado pelos 40 mil adeptos do Esteghlal, que não se esqueceram das 23 vitórias em 36 jogos em 22/23, uma Supertaça conquistada num clube envolto em aflições financeiras. A libertação da boa nova distraiu positivamente muitos iranianos afetos aos azuis de Teerão e a crença do regresso do timoneiro português virou efusiva certeza com a recuperação da paz na região.
Na sua primeira entrevista, desde que foi anunciado a 23 de junho e apresentado já no Irão, a 10 de julho, Sá Pinto relata a raiz da sua decisão.