Os jogos das competições europeias a serem disputados na Ucrânia ou na Rússia vão passar para terreno neutro, anunciou, esta sexta-feira, a UEFA, na sequência da ofensiva militar da Rússia na Ucrânia.
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"Na reunião do Comité executivo ficou também decidido que os clubes e as seleções nacionais da Rússia e da Ucrânia disputem os seus jogos em casa em campos neutros, até novas indicações", refere a UEFA.
O Spartak Moscovo é a única equipa dos dois países ainda em prova nas competições de futebol sénior masculino, entrando no sorteio dos oitavos de final da Liga Europa, do qual também fazem parte o FC Porto e o Braga.
Outra situação obrigada a campo neutro será a receção dos ucranianos do Dínamo Kiev ao Sporting, nos oitavos de final da UEFA Youth League, competição que a cada época replica nos juniores as fases de grupo da Champions.
O jogo entre Dínamo Kiev e Sporting, que deveria ser disputado na Ucrânia, já tinha na terça-feira sido adiado de 02 para 09 de março, na sequência do agravamento da situação político-militar na Ucrânia, ainda antes do ataque russo.
Já na quinta-feira, a Polónia, que deveria visitar a Rússia em 24 de março, a República Checa e a Suécia, possíveis adversários dos russos, apelaram à FIFA para não jogarem em território russo nos 'play-offs' de apuramento para o Mundial'2022.
"Os signatários deste apelo não consideram viajar para a Rússia e disputar jogos de futebol no país. A escalada militar que estamos a observar implica consequências sérias e uma considerável perda de segurança para as nossas equipas", refere a carta à FIFA das federações de futebol da Polónia, República Checa e Suécia.
Também hoje, na mesma reunião do seu Comité executivo e pelos mesmos motivos, a UEFA decidiu retirar a São Petersburgo o jogo da final da Liga dos Campeões de 2020/21, transferindo-a para o Stade de France, em Paris.
O palco da final da competição europeia de clubes é alterado pelo terceiro ano consecutivo, depois de Lisboa e Porto terem acolhido as finais de 2019/20 e 2020/21, devido à pandemia de covid-19, em ambos os casos em detrimento de Istambul, na Turquia.
Depois de na quinta-feira condenar "veementemente a invasão militar", a UEFA reuniu o comité executivo para avaliar a situação na Ucrânia, decidindo retirar à Rússia a organização da final da "Champions", marcada para 28 de maio.
O estádio que acolheria a final em São Petersburgo é tem o nome do gigante da energia Gazprom, um dos principais patrocinadores da UEFA desde 2012.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa "desmilitarizar e desnazificar" o seu vizinho e que era a única maneira de o país se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário, dependendo de seus "resultados" e "relevância".
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU, tendo sido aprovadas sanções em massa contra a Rússia.