Rui Vitória: "João Félix não triunfou? É difícil saber, talvez pela cultura do Atlético"
Rui Vitória sabe o que é vencer o Atlético de Madrid na Liga dos Campeões, algo que conseguiu pelo Benfica em 2015/16. Em conversa com o jornal espanhol Marca, o treinador português fez a antevisão ao jogo entre águias e colchoneros, agendado para as 20h00 de quarta-feira
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Vitória no terreno do Atlético de Madrid: "Foi uma vitória muito difícil e muito importante para nós, porque o Atlético foi sempre uma equipa muito, muito forte e este ano também. Mas criámos uma estratégia que os jogadores interpretaram de forma fantástica e aplicaram muito bem em Madrid e também tivemos sorte porque o Atlético teve muita bola e criou muitas situações, mas nós aproveitámos muito bem os contra-ataques. Foi muito difícil, mas também teve um sabor muito bom, porque fizemos uma época muito boa e tudo começou aí. É claro que, para ganhar ao Atlético, é preciso fazer sempre um grande jogo, porque o clube é muito forte, tem um treinador que sabe muito bem o que significa competir na Europa e tem grandes jogadores, muito competitivos."
João Félix começou a aparecer no Benfica com Rui Vitória, em 2018/19: "Sim, tivemos um processo gradual de integração do João na equipa principal até ele se tornar titular. Tinha recursos fantásticos e uma grande capacidade de decisão, quando estava perto da área era muito inteligente e tornava as coisas muito simples. Mas nós, nessa altura, tínhamos mudado o sistema para 4-3-3, o que, pelas suas caraterísticas, não facilitou muito a sua integração, pois o João jogava mais por dentro e não com os alas abertos como nós fazíamos. Mas sempre que foi necessário, deu uma resposta muito boa. Marcou um golo muito importante contra o Sporting e, a partir daí, foi melhorando cada vez mais, porque foi fantástico."
Atlético pagou 127 milhões de euros por João Félix: "Achei que ele tinha muito potencial, mas também sabia que os jogadores dependem muitas vezes do contexto em que estão inseridos. Era um jogador diferente, também na mentalidade, e compreendi que tinha de jogar perto da área adversária, mas também tinha de dar uma resposta positiva. Achei que ele tinha de continuar a sua evolução, porque tinha uma grande capacidade de decisão e uma grande capacidade de fazer o último passe e de finalizar. Percebi que ele tinha condições para ser um grande jogador. Porque é que não triunfou? É difícil saber, porque não sei o que se passou dentro da equipa. Penso que talvez pela cultura do clube, o Atlético é uma equipa que corre, trabalha muito e joga baixo e essa distância da área adversária pode ser um dos seus problemas. Mas não sei o que se passou com o jogador e com a sua vida, nem sei o que teria acontecido se tivesse tido outro treinador. Todos os profissionais têm de refletir sobre as suas capacidades e a sua posição, não pode ser sempre o problema dos outros. Não tenho conhecimento total, no Barcelona e no Chelsea ele tinha contextos mais favoráveis às caraterísticas do jogador, por isso deve haver coisas que não sabemos."
Perspetivas para o duelo de quarta-feira: "É muito difícil para as duas equipas, o Benfica está melhor agora, com mais confiança e resultados positivos e joga em casa, onde os seus jogadores se sentem muito confortáveis. Mas o Atlético é uma grande equipa que lhes vai dificultar a vida. Também será importante que o Benfica tenha um dia de descanso extra, embora o Atlético tenha capacidade para ganhar. Não é fácil adaptar os jogadores e Simeone tem um estilo muito específico, mas ambas as equipas têm muita qualidade, o Atlético tem sempre equipas e jogadores muito fortes, com capacidade de contra-ataque e de competição."