Rui Vitória e o primeiro impacto no Egito: "Só tenho coisas boas a dizer"
Rui Vitória começou há menos de meio ano uma aventura em África, depois de passagens por Arábia Saudita e Rússia. Pela primeira vez à frente de uma seleção, está feliz com o que encontrou e confiante que vai fazer vingar as suas ideias.
Corpo do artigo
Como surgiu o convite para treinar o Egito? "Após conversas informais decidi ser selecionador do Egito porque é uma experiência nova. Faltava-me treinar uma seleção".
Assinou por quatro anos. Com que metas? "No futebol nunca há certezas se vamos cumprir o contrato, os resultados é que mandam. Cativou-me quererem um contrato de quatro anos. Depois temos as metas do apuramento para a CAN, para o Mundial. O Egito é uma seleção ambiciosa e são esses os dois grandes objetivos".
É um selecionador com funções um pouco mais alargadas. Pode explicar? "A grande responsabilidade é com a equipa principal. À parte da seleção posso dar o meu cunho pessoal na ajuda do desenvolvimento do futebol egípcio. Gosto de ter uma visão mais abrangente. Quero contribuir com os meus conhecimentos para ajudar o futebol egípcio".
Há aqui uma colaboração com os clubes? "A primeira coisa que fiz foi começar a visitar os clubes que estão na I liga para entender os aspetos positivos e os problemas que cada clube sente. Depois de ter esta imagem, de acordo com as minhas ideias, vamos tentar criar projetos para esse desenvolvimento. Não basta o selecionador ou a federação querer mudar as coisas, tem de ser um trabalho conjunto".
Jesualdo Ferreira treina o Zamalek, foi uma ajuda importante para si? "O professor Jesualdo tem uma experiência enorme. Tem muito crédito no Egito, foi campeão no ano passado, e é alguém com quem troco impressões com alguma frequência. Deu-me um conhecimento da realidade do clube, do futebol egípcio. Quando cheguei foi uma ajuda e também estava cá o Ricardo Soares, no Al Ahly, com quem conversei".
15584402
Sucedeu a Carlos Queiroz. Falou com ele? "Tenho o máximo respeito pelo professor Carlos Queiroz, mas quis recolher informações para fazer a minha própria fotografia. Se ouvirmos demasiadas pessoas pode acontecer ficarmos condicionados. Eu já tinha tomado a minha decisão. Falei com o professor Nelo Vingada que tinha estado a trabalhar na federação e passou-me informações".
Já treinou a equipa em três jogos, que impressões tirou? "Positivas. Tinha algumas reservas, ouvi que havia problemas com a mentalidade dos jogadores, mas o primeiro impacto foi fantástico. Os jogadores foram de uma dedicação e empenho exemplares. Só tenho coisas boas a dizer".
Onde pode chegar o Egito nos próximos anos? "A maioria das seleções africanas tem jogadores na Europa e nós temos esta falta de ligação com o futebol europeu, temos apenas dois jogadores abaixo dos 26 anos nessa situação. Vamos ter de fazer um trabalho interno muito grande, vamos ter de trabalhar muito a nossa liga. Temos de ser ardilosos para fazer crescer os jogadores mas há potencial".
15577908
O Egito paga o preço de ter clubes com dinheiro para segurar os seus melhores? "Um pouco. Pyramids, Zamalek, Al Ahly e Future não facilitam a saída dos seus jogadores. E o próprio jogador tem uma boa vida, está no seu país, em clubes com grande massa adepta. É compreensível que queiram ficar".
Além de Salah, um dos melhores jogadores do mundo, que outros jogadores destacaria? "Salah é, e tem de ser pela sua qualidade, a grande figura. Tem de ser um líder em campo, mas também do lado de fora e já tivemos essa conversa. É um jogador de excelência na sua globalidade. Depois temos o Elneny, que está no Arsenal, o Marmoush, do Wolfsburgo, com 23 anos e enorme potencial, Mostafa, um ponta-de-lança, do Nantes, com 24 anos e muita qualidade. Estes jogam no estrangeiro. No Egito temos futebolistas jovens que podem dar um contributo, mas que precisam de ganhar experiência. O lateral Akram Tawfik, o central Abdelmonem, o médio Emam Ashour, o avançado Zizo. Mas há mais que podiam jogar na Europa".