Rui Costa lembra primeiros tempos de CR7: "Tínhamos vergonha de o imitar"
Atual dirigente do Benfica recordou Euro 2004, altura em que partilhou balneário com o agora capitão da Seleção Nacional
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Rui Costa esteve presente, esta segunda-feira, no lançamento do livro "Duelo Nunca Visto", de Luís Miguel Pereira e Luciano Wernicke, sobre a "rivalidade" entre Cristiano Ronaldo e Messi e lembrou os tempos em que CR7 partilhou balneário com nomes de peso da Seleção, durante o Euro 2004. "Nunca joguei com o Messi, mas tive o privilégio de jogar com o Cristiano Ronaldo quando estava a crescer no futebol. Ele aparece na campanha de 2004 que coincide com a minha despedida da seleção. Ele era o mais novo de todos, mas sempre se integrou bem e em cada treino de manhã tinha uma nova finta para nos mostrar. A verdade é que tínhamos vergonha de o imitar no treino e íamos treinar às escondidas [risos]. À noite, no jantar, lá vinha ele falar dos dribles e nós estávamo-nos a borrifar para os dribles dele e queríamos era explicar que o importante era contribuir para a equipa. Mas a verdade é que quando ele não estava, e em conversa de grupo, dizíamos que iria ser Bola de Ouro. Pela forma como trabalhava, o talento todo, não havia dúvida para mim, para o Fernando Couto, o Pauleta, o Nuno Gomes, para todos os jogadores mais velhos e experientes."
O médio lembra ainda algumas técnicas de Ronaldo fazia nos treinos, para ganhar velocidade, e como os colegas, mais velhos, tinham de o "repreender". "Nós fazíamos sprints nos treinos e ele chegava a pôr pesos nos pés. Dizíamos para ele tirar aquilo para não ficarmos mal vistos. Sentíamos mesmo que estava ali um atleta com uma abnegação fora do normal que tinha, na cabeça e nos pés, a ideia que iria ser o melhor. Felizmente para todos nós, isso aconteceu."
O antigo 10 da seleção, e atual dirigente do Benfica, acrescenta ainda que Messi e Ronaldo beneficiaram um do outro, numa rivalidade que os fez crescer. "Calharam na mesma geração, no mesmo campeonato e em equipas diferentes e rivais em campo. Isso fez com que um nunca pudesse baixar a guarda porque estava lá o outro para lhe roubar a Bola de Ouro. E não é por acaso que eles a ganharam nestes últimos dez anos. A novidade é que, este ano, foi outro atleta a ganhá-la. Essa é que foi a novidade da década no futebol mundial. E a verdade é que eles mesmo sendo rivais se ajudaram mutuamente."
Pedro Proença, antigo árbitro e atual presidente da Liga, falou de como era arbitrar os dois jogadores. "Tive a sorte e o privilégio de os arbitrar várias vezes. Diametralmente opostos. São os dois muito fáceis de arbitrar naquilo que fiz respeito às áreas disciplinares, mas tornam-se muito difíceis porque são génios e têm uma grande faceta de imprevisibilidade."