Rúben Vinagre em exclusivo: "Ainda não atingi o melhor nível. Espero fazer mais"
Vinagre conquistou a Taça da Polónia, viveu ótima campanha europeia com o Légia e ficou com memórias impagáveis do ambiente nas bancadas
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Lateral-esquerdo apareceu em grande nível na Polónia, brilhando pelo histórico Légia de Varsóvia. Explica o grande momento e a decisão de mudar-se por conta de Gonçalo Feio, o treinador.
Com mais de 40 jogos e 11 assistências, a passagem pelo Légia deu para recolocar a carreira no rumo certo?
— Acredito que sim, foi uma época bastante positiva e, finalmente, consegui voltar a estar ao meu nível. Foi muito bom e vários fatores contribuíram. A principal razão vem sempre do jogar, do fazer jogos em cima de jogos. Não tinha uma época tão produtiva há bastante tempo. O míster foi fundamental, toda a equipa técnica deu-me espaço e liberdade para expressar o meu futebol. Tive colegas fantásticos, um grande balneário, tudo isso culminou numa grande temporada. Tudo aspetos facilitadores.
Como descreve essa integração no habitat do futebol polaco, o nível e o ambiente em redor?
—Foi uma grande experiência, foi um campeonato que me surpreendeu bastante, altamente competitivo. E numa equipa que joga para ser campeã, disputar todas as taças até à vitória e ainda participar nas provas europeias. Não é nada fácil vencer este campeonato estando em três frentes, as diferenças de nível são muito curtas entre as equipas.
O futebol polaco é conhecido por algum fanatismo e os vossos adeptos são os mais reputados e ruidosos. Que tal essa vivência?
—Temos adeptos fantásticos, todos os meus amigos que vieram visitar disseram que nunca viram nada igual. Sempre connosco em casa ou fora, foram um grande suporte. Quando acabam os jogos, as páginas de internet entopem com publicações sobre os nossos fãs, o espetáculo que fazem e as coreografias que apresentam. São uma parte fundamental deste clube. Não vejo que sejam exagerados, há formas diferentes de viver o futebol. É o que é, eu, pessoalmente, gosto da pressão que metem na equipa, faz-nos sentir que estamos numa equipa grande. É bom sentir isso tudo, muito diferente do que se vive em Portugal e até em Inglaterra.
Dessa ligação aos adeptos, há algo assim mesmo especial, impossível de apagar?
—Foi tudo impressionante, todas as tarjas, todos os ambientes, os jogos grandes em casa, tudo inacreditável e memorável. Também nos cobram imenso se falharmos, mas têm de o fazer porque somos a maior equipa da Polónia. Há muita coisa que sei que não vou esquecer.
Como se sente em relação à época, após a conquista da Taça? A falta do título incomoda?
—Foi uma época boa, mas é certo que não vamos ser campeões. Era algo que queria muito. Acredito que vamos terminar ainda melhor e vencer os jogos que nos faltam. Queria muito o título, mas disputando três competições quase até ao fim não era fácil. Fomos eliminados na Liga Conferência já numa fase adiantada, pelo Chelsea, possivelmente o futuro vencedor da prova. E conseguimos vencer a Taça. Foi bom retribuir o carinho com essa conquista. Foi uma festa boa, vimos os adeptos eufóricos e fiquei feliz por comemorar com eles. São momentos que não esqueço, possíveis também porque temos um grupo fantástico. Mas queríamos mais da época.
Como apresenta o treinador Gonçalo Feio, conhecido por grandes trabalhos e algumas polémicas? Foi peça determinante para o Rúben?
— É muito carismático, muito emotivo e profissional. Exige muito de nós. O míster Gonçalo é um grande treinador, trabalha bem as equipas, é jovem, se chegou ao maior clube da Polónia com 35 anos, isso diz tudo. Foi peça fundamental para a minha chegada, quando soube do interesse, ele ligou-me várias vezes, falámos bastante. Dificilmente tomaria esta decisão se não fosse pela força que ele fez.
Os números desta época transmitem que atingiu o melhor momento?
— Ainda não atingi o melhor nível, ainda não estou aí, fiz uma época muito boa, mas podia fazer melhor. Para o ano espero fazer mais. Não posso esquecer o que fiz ao jogar na Premier League mas fazer uma época com 50 jogos é outra coisa, foi a época que meti mais números, com essas 11 assistências e um par de golos. Quando se fala de números é natural dizer-se ou deduzir-se que foi a melhor época. Podem achar que por ser Polónia não tanto, mas garanto que não é fácil.