Rúben Semedo recorda detenção: "Estava perdido, passei de ganhar 10 euros..."
Depois de ter deixado o Sporting pelo Villarreal, a vida do central português mudou ao ser detido em Espanha, em fevereiro de 2018, com base em acusações de tentativa de homicídio, agressão, ameaças, posse ilícita de arma e roubo com violência
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Rúben Semedo, que aos 30 anos joga no Al Khor, do Catar, recordou esta sexta-feira a forma como a sua vida mudou 2018, quando foi detido em Espanha depois de um verão em que trocou o Sporting pelo Villarreal, com base em acusações de tentativa de homicídio, agressão, ameaças, posse ilícita de arma e roubo com violência.
Numa grande entrevista ao jornal Marca, o central, que cinco meses depois dessa detenção escapou a uma pena de cinco anos de prisão, com a condição de que não regressasse a Espanha durante um período de oito anos, admitiu que estava “perdido” em más companhias nessa altura da sua vida.
Libertado pelas autoridades em regime condicional em julho de 2018, Semedo, que é internacional português em três ocasiões e viu a polémica terminar com a sua carreira no Villarreal, tendo passado pelo Huesca, Rio Ave, Olympiacos e FC Porto antes de rumar ao Médio Oriente, em 2022, garante, ainda assim, que não se arrepende desse período, já que o fez “crescer e aprender”.
“A verdade é que eu estava perdido, passei de ganhar 10 euros a 100 e perdi-me com gente que conheci. Sempre disse que foi culpa minha, porque eu aceitei que essa gente entrasse na minha vida. Não escolhi as melhores pessoas para estarem ao meu lado, mas também não digo que me arrependo, fez-me crescer e aprender. Com esta idade, 30 anos, sou um homem realizado. Obviamente que queria ter outro tipo de histórias para contar no Villarreal, um clube do meu coração. Não me arrependo de nada, mas obviamente que cometi erros e oxalá que sirvam para que outros aprendam”, começou por refletir, prosseguindo: “É como tudo, no final há pessoas que querem ter fama ou dinheiro, mas sem trabalhar. Essa gente é sempre mais acessível e, se abres a porta da tua casa, é mais fácil que entrem, mas no final são tudo decisões. Todas as decisões que tomamos, grandes ou pequenas, no final são o que decide o teu destino”.
“Podem não acreditar, mas o que eu procurava não era nada mais do que companhia, ter alguém ao lado. Quando fui para o Villarreal, fui sozinho. Em muitas das experiências que eu tive fora [de Portugal], estive sempre sozinho, não porque a minha família queria, mas porque eu não os deixava [vir], não os queria perto para não os preocupar. Não gosto de partilhar os meus problemas com ninguém, é um problema que sempre tive. No final, como disse, são decisões e quando alguém toma uma tem de aceitá-las e assumir as consequências que vêm, boas ou más. Agora estou bem”, vincou.
Lamentando novamente que se tenha deixado aproveitar por “parasitas” nessa fase da sua carreira, Rúben Semedo salientou ainda a importância que a sua fé em Deus teve durante os meses que passou atrás de grades.
“Temos de nos agarrar àquilo em que acreditamos e há pessoas que te amam de verdade. Eu sempre acreditei que aquilo que Deus coloca no teu caminho, seja o desafio que for, é sempre para tornar-te mais forte. Ou seja, há uma frase em português que traduzida diz: ‘Deus dá as grandes batalhas aos seus melhores soldados’ e eu sempre acreditei nisso. É uma forma que levo para encarar os desafios”, referiu.