ENTREVISTA, PARTE II - O treinador do Fenerbahçe influenciou José Morais a estar sempre há procura do que é novo
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Foi adjunto de José Mourinho. Se tivesse de escolher um, qual o principal ensinamento que ele lhe transmitiu?
-A ambição de ser o carro da frente. De liderar na inovação, de estar à frente das coisas, de ser o primeiro a saber e a conhecer, em termos de informação, para influenciar o jogo, a qualidade do jogo e o rendimento de uma equipa. E é isto que também faz dele um treinador diferente, estar sempre à busca de algo de novo. Não se satisfaz com aquilo que foi feito no passado, busca desafios maiores, novas ideias, novos recursos e tecnologias. Foi isto que aprendi com ele, de não olhar para as coisas numa perspetiva de passado, mas numa perspetiva de transformação e de criação de um futuro novo e melhor ainda.
“Rúben Amorim? É determinado e tem uma liderança aceite sem grande conflito”
No Benfica chegou a treinar Rúben Amorim nas camadas jovens. Será que ele pode vir a ser o “novo Mourinho”?
-Como Mourinho não há. Ninguém é comparável a ele. O Rúben Amorim está há três épocas no Sporting e em três épocas já o Mourinho tinha ganho a Champions no FC Porto. O Amorim não fez ainda isso, mas tem potencial para fazer. É determinado, ambicioso, com uma boa liderança. Sabe o que quer e consegue o que pretende das equipas. Tem uma liderança aceite sem grande conflito. Nos últimos anos não tenho visto coisas complicadas ou controversas na liderança dele. Por isso acredito que possa conseguir níveis mais altos na carreira.
“Nós somos os outsiders”
José Morais considera que há dois emblemas com mais apoio político e administrativo do que o seu clube, mas realça que a entrada do VAR pode ser importante para que essa diferença seja atenuada.
O Sepahan segue com quatro vitórias em quatro jogos. Que balanço faz da época até agora?
-Começou dentro do que tem sido hábito desde que cheguei. A equipa ganha e está em primeiro lugar. A nível exibicional, com os muitos jogadores que entraram e saíram, há ainda um grande potencial de crescimento. Mas de momento estamos satisfeitos.
Persepolis e Esteghlal têm um tipo de suporte político e jurídico que o Sepahan não tem
Já foi campeão em três países, mas no Irão ainda não conseguiu. Será desta?
-Otimismo tenho, pela qualidade de trabalho que desenvolvo e pela organização que incuto. Sinto otimismo em estar no topo da tabela de qualquer país onde esteja. Se bem que aqui sinto outras reservas, porque há clubes que politicamente têm outro tipo de apoio e suporte... e nós não somos esse clube. É por isso que o Sepahan ganha um campeonato de dez em dez anos, mais ou menos. Aliás, há mais de dez que não ganhamos. Este ano ganhámos a Taça, mas há nove que não a ganhávamos. Na liga, o Persepolis e o Esteghlal são os favoritos e têm um tipo de importância política, administrativa e jurídica que nós não temos. Nós somos os outsiders.
“A entrada do VAR vai suscitar menos dúvidas em relação à intencionalidade do erro”
Mas sente o Sepahan prejudicado em relação ao Persepolis e ao Esteghlal?
-Em algumas situações não nos podemos sentir favoritos. Por decisões de arbitragem, federativas, jurídicas, o que tem acontecido sistematicamente. Mas quero pensar que é só uma ilusão e não uma realidade. Os erros que têm surgido serão naturais, próprios de seres humanos. Mas entendo que o alargamento do VAR a mais jogos, esta época, vai suscitar menos dúvidas em relação à intencionalidade do erro. E isso beneficia a justiça dos resultados. Para mim, como treinador, o importante é que haja justiça. Havendo justiça, nós trabalhamos e, com mérito, podemos atingir os objetivos. Não havendo justiça, não sabemos. Podemos trabalhar mas o mérito nem sempre ser recompensado. E o que pretendo é que quem trabalha tenha reconhecimento pela qualidade do trabalho que desenvolve.
“Neste grupo da Liga dos Campeões 2 da zona asiática, há três equipas a lutar por duas vagas”
Como perspetiva a participação na Champions 2 da Ásia?
-O grupo não é fácil. O Al Sharjah é uma boa equipa, o Al Wehda também é uma belíssima equipa e por isso a passagem à fase seguinte não é um dado adquirido. Serão três equipas na luta por duas vagas.