"Rúben Amorim não deve mudar os seus princípios. Lembro-me de Ten Hag..."
Com uma visita ao líder Liverpool no domingo, Gary Neville e Jamie Carragher refletiram sobre se o técnico do Manchester United se deve manter fiel ao seu esquema tático e ideias de jogo, tendo em conta os últimos desaires
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Numa série de quatro derrotas seguidas e após ter caído para o 14.º lugar da Premier League, Rúben Amorim vai iniciar 2025 com uma visita ao líder Liverpool, com os comentadores Gary Neville e Jamie Carragher a terem refletido esta sexta-feira sobre se o treinador português se deve manter fiel ao seu esquema tático e princípios de jogo em Anfield.
Desde logo, o antigo capitão dos red devils assumiu ter “medo” do que pode acontecer em casa dos reds no domingo (16h30), em jogo da 20.ª jornada do campeonato inglês, dizendo que o conjunto de Arne Slot é o pior adversário possível para um Manchester United em quebra de confiança.
“Estamos a pensar no que Amorim pode fazer. Ele pode apontar para a exibição frente ao Manchester City [vitória por 2-1], mas de verdade que não sei. Alguns jogadores podem voltar, Garnacho e Rashford não se têm aplicado nos treinos, mas são melhores do que os jogadores que têm jogado. Eles têm pernas e se Andy Robertson ou Alexander-Arnold defrontarem Zirkzee ou Bruno Fernandes em zonas abertas, provavelmente prefeririam isso a Garnacho ou Rashford”, começou por afirmar, em direto para a Sky Sports.
“Amorim quer fixar uma nova cultura e grau no balneário do que é correto. Ele não gostou de algumas coisas que tem visto ao longo do último mês, mas neste momento é uma questão de desespero. O United está a sete pontos da zona de descida e vão jogar com o Liverpool e Arsenal a seguir, então é um momento muito duro. Trata-se de um treinador jovem que chegou e precisa de tempo para se adaptar, mas quando os resultados são assim tão maus, a pressão acumula-se e Anfield é um sítio que não perdoa. Na melhor das alturas, é o pior sítio para visitar e, na forma em que eles estão, tenho algum medo para domingo”, assumiu.
Apesar desse receio, Neville defendeu que Amorim, neste momento, deve manter as suas ideias de jogo, argumentando que mudá-las antes de um jogo desta magnitude e depois de ter chegado há tão pouco tempo faria pior à equipa.
“Ele não pode mudar, porque obviamente está comprometido a isso. Trabalha no sistema todos os dias no treino e está a dizer que é isto que temos de fazer. É óbvio que isso está a causar algumas dores a alguns dos jogadores, mas o problema deles é a falta de capacidade para jogarem numa posição avançada no último terço. Ele tem jogadores que são um pouco mais talentosos como Garnacho e Rashford, mas não está convencido com a sua atitude. Se os resultados continuarem como estão, pode chegar uma altura em que ele tem de mudar ou fazer algo ligeiramente diferente, porque obviamente que o United não pode descer mais do que estão agora, isso seria um perigo de descida”, alertou.
Uma opinião partilhada por Carragher, com o antigo central do Liverpool a reforçar que Amorim não deve repetir os erros cometidos pelo seu antecessor, Erik ten Hag, no que toca a mudar as suas ideias iniciais em termos táticos.
“Ele não deve [mudar] porque eu lembro-me de Ten Hag, que foi alguém que teve uma boa primeira época mas que mudou a sua ideia depois de dois jogos. Falamos sobre treinadores ajustarem coisas e eu sou apologista disso, mas se chega um treinador que foi bem-sucedido com um sistema, queres ver isso em campo. Por isso, se o treinador mudar isso rapidamente e afastar-se disso, eu ficaria preocupado. Sempre senti que isso foi um problema para Ten Hag, porque o United foi buscá-lo por causa do que ele fez no Ajax. Ele dizia sempre nas conferências de imprensa que não tinha os mesmos jogadores e que não podia jogar daquela forma, e isso preocupava-me sempre para o futuro, porque foi para isso que o foram buscar. Se Amorim se afastar disso, qual é a razão de estar aqui? É isso que ele é, é isso que ele tem de fazer”, rematou.