Rúben Amorim aceita crítica de Neville: "O jogo está completamente diferente"
Antigo capitão do Manchester United criticou o último dérbi com o City por ter sido demasiado "robótico", com o português a concordar, mas dizendo que faz parte da evolução do futebol moderno
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Rúben Amorim reagiu esta quarta-feira a uma crítica que Gary Neville fez no final do dérbi entre o Manchester United e o City (0-0), no domingo, na qual o antigo capitão dos “red devils” criticou o “carinho” entre os jogadores de ambas as equipas e falou num jogo demasiado “robótico”.
Questionado sobre o assunto pela Sky Sports, o técnico português aceitou a crítica do ex-defesa inglês, mas apontou que esse aspeto faz parte da evolução do futebol moderno, evitando comparar os tempos atuais aos em que Neville foi treinado pelo lendário Alex Ferguson no United.
“Tendo em conta os jogos que vimos e o nosso momento, com a época que estamos a fazer, temos de aceitá-la [a crítica], acho que foi bastante justa. Nos fins dos jogos, às vezes não gostamos [de ouvir coisas assim] porque estamos a tentar mesmo muito mudar as coisas e estamos a falar dos nossos jogadores, mas, um dia depois, consegues entendê-lo. É justo e entendo o que ele disse”, começou por assumir, antes de considerar que, no futebol atual, ao contrário dos tempos de Ferguson, só o talento individual já não chega para resolver certos jogos.
“O jogo está completamente diferente e tens de ser muito bom na tua base. Depois, esse aspeto individual, essa liberdade e a fluidez do jogo vão aparecer. Mas, para isso, é preciso tempo. Houve uma evolução e, goste-se ou não, aconteceu, porque agora recebes todos os jogos do teu adversário ao detalhe a partir dos departamentos, por isso, entendes melhor os movimentos que eles fazem. Com esta evolução, tens de ser melhor taticamente. Às vezes falo com [Darren] Fletcher [antigo jogador e atual diretor do United] sobre a forma como ele preparava os jogos com Sir Alex Ferguson e era completamente diferente. Havia mais sensações, esse aspeto do talento individual. Penso que hoje em dia isso não chega e dá para ver isso nalgumas das grandes equipas, especialmente se se lembrarem dos anos dos Galácticos. Eles tinham os melhores jogadores do mundo, mas precisas de uma conexão entre eles”, explicou.
Reforçando a sua convicção de que a maior quantidade de informação que os treinadores atuais recebem sobre os seus adversários prejudica a imprevisibilidade de uma partida, Amorim defendeu assim que ninguém pode saber mais sobre a sua ideia de jogo do que os seus próprios jogadores, de forma a poderem aproveitar depois o seu talento individual em lances chave.
“Eu vejo o jogo de uma forma diferente e, hoje em dia, eles sabem tudo sobre os jogadores. A forma como Garnacho irá usar o seu pé direito no lado esquerdo, o adversário sabe todos esses detalhes. Por isso, temos de ter uma ideia sobre como jogar em equipa e depois esperar que a parte individual nos ajude. Porque, no final, esse é o ponto crucial que faz a diferença num jogo. Às vezes falta-nos essa criatividade no último terço, às vezes é a qualidade. Mas quando eu falo de qualidade, não é apenas individual, é em termos de entendimento do jogo nesse último terço. Então, quero ver ambas, porque quero entreter as pessoas, mas também quero ver a minha a defender como defenderam nesse jogo”, finalizou.