Ronaldo e o Euro'2024: "Criticar é mais fácil do que apreciar o que temos"

Como foi o processo de deixar a Madeira por Lisboa em tenra idade? “Para mim, foi a grande mudança da minha vida. Sofri muito naquela altura, mas é por isso que hoje sou mais capaz de lidar com momentos maus. Quando me mudei com 11/12 anos, foi difícil não estar com os meus pais e com os meus irmãos. Foi difícil, mas os meus pais apoiaram-me e disseram: ‘Cristiano, se queres seguir o teu sonho, será difícil para nós e para ti, mas vamos dar-te essa oportunidade’. Foi difícil, mas graças a essa situação, hoje consigo lidar com tudo dentro e fora do futebol”. 

Críticas no Euro’2024: “Criticar é muito mais fácil do que apreciar o que temos. Sabemos como a imprensa funciona, dizer coisas boas não vende e falar do Cristiano é assunto de primeira página, porque sou a pessoa mais seguida do Mundo, pela minha cara bonita (risos)... Porque é que sou a pessoa mais seguida no Mundo? Por causa do futebol, dos troféus, da minha família, forma de vida... As pessoas de forma alguma gostam de mim e as críticas vão sempre existir, fazem parte do negócio e isso não é um problema para mim”. 

Lágrimas após falhar penálti contra a Eslovénia: “Quando se tem paixão, não nos podemos preocupar com os nossos pensamentos. Eu chorei após falhar o penalti, apesar da grande defesa de Oblak, mas falhei e não foi por sentir que o Mundo iria colapsar se Portugal fosse eliminado por causa de mim... Se em 20 penáltis falhares um, sentes-te mal e eu senti-me triste por causa disso. Nem sequer pensei em mais nada e eu sempre coloquei pressão em mim mesmo, penso sempre que sou o melhor jogador do Mundo e, quando as coisas correm mal, sinto por causa dessa pressão. Mas na altura senti-me mal por causa de mim e da minha família, não foi por causa de mais nada. Estes são momentos emocionais e tens de te expressar. Se esconderes, estás a mentir a ti mesmo e tens de ter tu próprio. Achas que vou mudar agora aos 40 anos? Não, se gostas de mim boa, se não, não há problema. Houve pessoas que disseram que estou acabado com 39 anos porque não marquei nenhum golo no Europeu, mas tudo isso faz parte... Mesmo que marcasse, não iria mudar nada. Amanhã vou jogar com a Seleção e irei sempre continuar a querer a marcar, isso não muda. Jogar contra França ou contra o Al Ettifaq não me faz diferença, só quero marcar. Podemos ficar zangados depois dos jogos, se marcar fico menos, mas se perdermos temos de mostrar nesse período que estamos zangados, mas no dia seguinte aprendi que a vida continua e o presente é a melhor coisa que temos, porque não sabemos o amanhã. Depois da eliminação nos penáltis com França, demorei dois dias a recuperar, depois fui treinar ao ginásio e a vida continua. Eu sou muito bom nisso e aprendi a seguir em frente com os anos, tens sempre de continuar”.