"Roma-FC Porto? Vai ser uma grande noite europeia, estádio cheio e caloroso"
Sebastiano Nela, um dos campeões da Roma de 82/83, que defrontou o FC Porto na Taça das Taças na temporada anterior, recorda a técnica e a força portuguesa nessa altura e espera mais um duelo interessante
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Peso pesado da Roma, uma década de serviços no clube, Sebastiano Nela foi um lateral que fez parte da épica equipa que venceu o "Scudetto" em 82/83. Com 345 jogos na equipa transalpina, prolongou a sua influência de 81/82 a 91/92. É na primeira temporada, já titularíssimo, que defronta o FC Porto na Taça das Taças, eliminatória com desfecho sorridente para os dragões. Já convivia com uma grande geração na Roma, havia Ancelotti, Falcão e Conti, mas a equipa da Invicta prega uma desfeita.
"Não tenho recordações especiais de 81/82, a não ser que tivemos pela frente uma das grandes equipas da Europa, que era o FC Porto. Havia algum receio de os defrontar, porque sabíamos que o futebol português era muito técnico, estava em ascensão e não estávamos habituados a esse tipo de jogo na nossa realidade. Essa surpresa transportou-se para o campo", reconhece Sebastiano Nela, em entrevista ao JOGO, abordando o potencial que essa Roma reunia e a força que indicava ter no panorama italiano. "Tínhamos realmente uma grande equipa, muitos bons jogadores e, no ano seguinte, acabamos por ser campeões. Mas como todos sabemos os jogos do Campeonato são uma coisa completamente diferente do que são os jogos das competições europeias", expressa o antigo lateral-esquerdo, atento ao histórico entre FC Porto e Roma, que se acentuou nos últimos anos.
"Existiram sempre confrontos entre FC Porto e Roma, sempre duelos muito interessantes. Até com Conceição no banco. Um personagem que conheço bem do que fez em Itália como jogador e vinha seguindo o seu trabalho como treinador até chegar agora ao Milan. Temos Ranieri agora no banco, um homem muito experiente e esperto, que já nos resolveu alguns problemas, sistematizou a equipa e estabilizou a classificação. A equipa está muito bem nesta fase, ambiente mais tranquilo nas bancadas, outro conforto na classificação. Os adeptos têm sido fantásticos, ao longo dos anos nunca se demoveram no seu apoio. Vamos ter um estádio cheio de gente, caloroso, lindo de se ver. Vai ser uma grande noite europeia. Conhecendo a qualidade do FC Porto, espero que a Roma consiga aproveitar bem o fator casa para ser mais feliz contra eles do que tem sido", avisa, a propósito de mais uma discussão entre giallorossi e dragões. Será noite de sentença europeia no Olímpico. Nela conhece também os contornos desta visita do FC Porto à capital italiana, ensombrada pela recente morte de Pinto da Costa.
"Infelizmente também tivemos uma má experiência. Nem sempre as coisas correm como queremos. O nosso presidente Dino Viola morreu em 1991, poucos dias antes de jogarmos em casa com o Pisa. Tivemos uma semana muito triste. Queríamos dedicar-lhe uma vitória que não conseguimos, penso que a nível mental não estávamos convenientemente preparados. Foi uma pessoa incrível nesta cidade com um sucesso fabuloso na Roma", enfatiza, reconhecendo a dimensão do líder portista falecido.
"Posso imaginar como todos aqueles que vibram e acompanham o FC Porto carregam a tristeza por terem perdido uma pessoa tão importante. Basta sentir isso em função de 42 anos na presidência. Isso foi uma vida inteira, o futebol tem de lamentar quando essas figuras morrem", confessa.
Por fim, uma lembrança de um baluarte, peça vital e especial no balneário da Roma na década de 80: Agostino di Bartolomei, que se veio a suicidar em 1994, afundado numa depressão que o atingiu depois de trocar a Roma pelo Milan. "É difícil resumi-lo em poucas palavras. Nasceu e cresceu em Roma para ser alguém extraordinário no clube. Foi uma figura incrível, um verdadeiro capitão. Direi sempre o meu capitão! São um conjunto de recordações belíssimas. Agostino nunca será esquecido nesta cidade nem pelos adeptos da Roma.