"Roberto Martínez disse que gostou muito de mim. Mas sei que o contexto..."
André Almeida recorda o impacto que gerou ao selecionador nacional, um certo efeito surpresa, quando estava a começar no Valência. E lembra a relação de amor com o Vitória
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Aos 25 anos, André Almeida não esquece o seu berço, onde se fez jogador.
É um jogador de causas, visto que só teve duas camisolas, do Vitória e Valência?
—Há uma ligação muito forte ao Vitória, é coisa de família e de pequeno. De lá sempre quis sair a bem, retribuir o que fizeram por mim. Quis ajudar numa transferência. Sou de Guimarães e amo o Vitória. Estou no Valência a viver épocas felizes, mas quero sentir-me valorizado. Quando me sinto valorizado, não penso mudar...
Pelo que viveu em Guimarães, sentiu a falta de um troféu para coroar a passagem?
—O Vitória é a minha casa, apostaram em mim e sempre joguei escalões acima. Sentia o carinho e devolvia no campo. Fizeram-me jogador, o que sei hoje deve-se a toda a gente que trabalhou comigo, de diretores a técnicos. Também gostava de conquistar algum troféu pelo Vitória, é algo que qualquer um ambiciona, mas o futebol é complicado. Não era um desejo, antes algo que me traria grande felicidade.
Imagina acabar o seu percurso no clube que o formou?
—Gostaria de acabar no Vitória, tenho lá toda a família. Seria o que mais gostaria se me abrissem essa porta.
Como compara a dimensão da paixão que sentia em Guimarães com Valência?
—São realidades diferentes, o Vitória tem os melhores adeptos, mas aqui tenho o estádio sempre com 45 mil pessoas. Mas não há amor como o do Vitória, de bairro, de pertença. Aqui o apoio é incondicional, mas é uma realidade comum a outros clubes. Esse é a grande diferença para nós e sinto a disparidade de jogar em casa ou fora.
Também rege a carreira pelo sonho da Seleção?
—A Seleção é o sonho de todos, tive a sorte de a representar em vários escalões. Quero atingir esse lugar e sei que para chegar lá tenho de estar a um nível muito alto, jogando contra os melhores do mundo. Tenho de estar na Champions e dar o meu melhor. No meu primeiro ano em Espanha, o selecionador falou comigo, após o nosso jogo com o Real Madrid na Arábia. Disse que gostou muito de mim. Mas sei que o contexto do Valência é difícil, a equipa tem de ir à UEFA para o meu trabalho ser mais visível. Mas é bom saber que o treinador está atento a todos, explicou-me na altura que tem uma base de dados alargada e que se estiver bem é possível. Ele, na época, até disse num podcast que eu fui o jogador que mais o surpreendeu. Como é espanhol também conhece bem o valor geral desta liga. Mas, como disse antes, o futebol é o momento e quatro ou cinco jogos podem mudar a tua vida.