Masters escreveu que a pandemia teria custos de pelo menos mil milhões de libras (1150 milhões de euros) caso a época 2019/20 não pudesse ser concluída e que poderiam aumentar caso a situação se estendesse no tempo.
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Se o campeonato inglês fosse um carro - claramente o melhor e o mais dispendioso! -, seria de esperar que se multiplicassem os candidatos a sentar-se ao volante e a conduzi-lo logo após a saída de Richard Scudamore, que abandonou o cargo de diretor executivo da Premier League ao cabo de 20 anos e depois de a ter transformado num milagre de multiplicação de cifrões (o contrato televisivo em vigor, de 2019-2022, vale mais de 10 mil milhões de euros). Mas não.
A procura de um sucessor começou logo nesse mês de novembro de 2018 mas demorou mais de um ano até ser nomeado um: em dezembro do ano passado, Richard Masters foi a solução interna encontrada (até porque exercia o cargo interinamente desde a saída do antecessor), depois de três "negas" de executivos de topo, do grupo Discovery e da BBC, e de um caso rocambolesco que envolveu a aceitação do cargo por David Pemsel, que era diretor executivo do grupo editorial do jornal The Guardian, e posterior recusa antes de assumir funções devido à publicação de detalhes da vida pessoal num jornal tabloide... que tempos depois acabou por pedir desculpas e até retirar o artigo do site.
Em fevereiro, este adepto do Aston Villa de 53 anos (que se descreve como "um guarda-redes mais do que razoável") discursava sobre como a popularidade do futebol poderia ajudar a alertar para temas como racismo, inclusão, saúde mental
Com um passado na área comercial e do marketing, Masters, que entrou para a estrutura da liga inglesa em 2006, assumiu na tomada de posse, em dezembro, "ser um privilégio ter a oportunidade de liderar a Premier League numa das mais excitantes etapas do seu desenvolvimento". Na altura, o seu principal desafio, além da sempre complicada gestão de egos dos poderosos donos dos clubes, era encontrar forma de aumentar ainda mais as gigantescas receitas daquele campeonato. Estava longe de imaginar que, menos de meio ano depois, estaria a braços com a maior crise desportiva e financeira da sua história!
Em fevereiro, este adepto do Aston Villa de 53 anos (que se descreve como "um guarda-redes mais do que razoável") discursava sobre como a popularidade do futebol poderia ajudar a alertar para temas como racismo, inclusão, saúde mental ou de como a liga inglesa não deve ser demasiado intervencionista em questões como a propriedade dos clubes. Mais recentemente, já em abril, aquilo sobre o que falava Richard Masters era bem diferente. Numa carta a um responsável governamental pelo Desporto do Reino Unido, numa altura em que os clubes ainda discutiam medidas a tomar e eventuais cortes salariais, Masters escreveu que a pandemia teria custos de pelo menos mil milhões de libras (1150 milhões de euros) caso a época 2019/20 não pudesse ser concluída e que poderiam aumentar caso a situação se estendesse no tempo.