Ricardinho: "Era a altura certa para tomar esta decisão, de sair da zona de conforto"
ENTREVISTA >> Após ter ajudado o Santa Clara a conseguir a melhor época de sempre, o médio ofensivo sai com sentimento de “dever cumprido” para o Juárez, na primeira experiência no estrangeiro
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Ricardinho está a continuar a carreira no México e a estreia foi em grande, com boa exibição e assistência.
Ricardinho tomou a decisão de sair da “zona de conforto” para dar outro passo na carreira. Santa Clara ficará para sempre na memória do atleta, que recordou época “memorável” nos Açores.
Ao fim de quatro anos e uma grande época, decidiu deixar o Santa Clara. Porquê?
—Depois de quatro épocas e muitas emoções, era a altura certa para tomar esta decisão, de sair da zona de conforto. Sempre disse que gostava de retribuir e contribuir para o Santa Clara, depois do tanto que me ajudou e fez crescer. O clube ficou onde estava quando eu cheguei, na Liga Conferência, por isso saí com o sentimento de dever cumprido.
Com a camisola do Santa Clara, desceu de divisão e voltou à I Liga. Será sempre um clube especial para si?
—O Santa Clara e a ilha terão sempre um lugar no meu coração e estarei sempre a torcer pelo sucesso deles. O carinho que as pessoas tiveram comigo é algo que levarei sempre.
Recebeu algumas propostas e escolheu o Juárez, do México, para dar o próximo passo. O que o levou a aceitar este desafio?
—O facto de toda a gente no clube ter demonstrado, desde o início, muita vontade de contar comigo. Foi uma parte muito importante, senti-me muito acarinhado desde a primeira abordagem e é um desafio que me vai fazer crescer e sair da zona de conforto.
É a primeira experiência no estrangeiro e logo numa das cidades mais perigosas do mundo. Como tem corrido a adaptação?
—O facto de estar longe do meu lar, da minha família e amigos é a parte mais difícil. Mas a adaptação tem corrido muito bem, fui recebido por toda a estrutura e por todo plantel de forma muito positiva, todos me têm ajudado desde o primeiro dia. Relativamente à cidade, por enquanto não senti qualquer tipo de perigo. Sei que devemos ter cuidado e não estar em sítios que não devemos, mas tudo tem corrido bem e não tenho qualquer razão de queixa.
Como foram os primeiros dias no clube?
—Foram dias intensos, tive de me adaptar o mais rápido possível porque a equipa já estava em pré-época há uns largos dias e a mudança é grande. Não só em termos de liga, mas em tudo o que envolve jogar num país diferente. Mas adaptei-me rápido.
Para quem não acompanha tanto, como é que descreve o futebol mexicano e em que aspetos pode fazer a diferença?
—Penso que toda a gente está mais atenta à liga mexicana, pelos jogadores que têm vindo. É um campeonato em que o jogo se parte mais. Para os jogadores criativos, pode ser uma mais-valia.
Estreou-se com uma boa exibição e uma assistência...
—O balanço da estreia foi muito positivo, graças à ajuda de todos os meus companheiros e todos que fazem parte do clube. Mas também trabalhei muito para que conseguisse mostrar, desde o primeiro dia, que vim para somar, trabalhar e ajudar o clube e a equipa.
Como é que se caracteriza enquanto jogador?
—Sou um jogador de equipa, primeiro tento sempre olhar para o coletivo. Mas também gosto muito de ter bola, de ir para cima do adversário, rematar. Nesta época rematei mais, era uma coisa que tinha de melhorar e melhorei.
Que aspetos acha que tem a melhorar?
—Primeiro, no jogo aéreo. Mas é algo que nunca em que vou ser muito bom [risos]. Às vezes deveria ser mais “egoísta”, por assim dizer. Muitas vezes olho demasiado para a equipa e acho que nesta época consegui já equilibrar um pouco.