Renato Paiva sagrou-se campeão pelo Independiente del Valle e aumentou a lista de países onde técnicos lusos figuram no quadro de honra
Corpo do artigo
Os "tentáculos" da reputação vitoriosa dos treinadores portugueses continuam a estender-se pelo planeta e, na madrugada de ontem, chegaram ao Equador. Vindo de uma vitória (3-1) na primeira mão, o Independiente del Valle empatou na casa do Emelec (1-1) e Renato Paiva festejou o título na sua temporada de estreia no "Mata-Gigantes", que nunca tinham conquistado o troféu mais relevante do país. Desta forma, o antigo timoneiro da equipa B do Benfica aumentou para 35 o número de países que já tiveram, pelo menos, um treinador luso campeão.
Em conversa com O JOGO, o timoneiro que conduziu o "Mata-Gigantes" a uma conquista inédita falou da responsabilidade de estar à altura do estatuto de vencedor que acompanha os profissionais lusos
Sob o som de buzinas constantes nas ruas, Renato Paiva falou com O JOGO enquanto a comitiva do Del Valle era conduzida ao restaurante onde iria decorrer a celebração do título, que antecedia um cortejo em autocarro aberto até ao seu estádio. "Ainda estamos de direta. Chegámos de madrugada e os cinco da equipa técnica ainda abriram uma garrafa de vinho à boa maneira portuguesa. Só depois caímos na real. Falámos com amigos e família, o telefone não parou. Tenho mais de 200 mensagens por responder no telemóvel e mais de 300 no Instagram. Irei responder a todas. Vai ser épico", contou o treinador, horas após ter segurado a vantagem frente ao rival Emelec sob um autêntico dilúvio e num ambiente "insano" que lhe fez lembrar a Bombonera [estádio do Boca Juniors].
Renato Paiva também contextualizou o tamanho do feito, por entre um desabafo sobre a responsabilidade de estar à altura do estatuto de vencedor que acompanha os treinadores portugueses: "Foi uma aposta ganha. O que esta equipa técnica portuguesa está a fazer é inacreditável, é como fazer de um Braga campeão. Quando saí de Portugal sabia o peso que tinha na mochila, que trazia a responsabilidade de vincar o nome do treinador português como um vencedor."
"Foi uma aposta ganha. O que fizemos foi inacreditável. É como fazer de um Braga campeão. Aqui querem ganhar tanto como em Portugal, mas o que importa é se querem defender projetos"
Benfica em peso felicitou-o
O novo campeão equatoriano revelou ter recebido as felicitações de boa parte da estrutura do Benfica e de Luís Filipe Vieira. "Muita gente do Benfica enviou mensagem: dirigentes, ex-dirigentes, jogadores que estão e estiveram no clube. Luís Filipe Vieira mandou-me mensagem também, ele que foi parte importante no meu processo de crescimento pois fui sempre uma aposta sua e pela forma como me deixou sair para este processo", disse.
Paiva também defendeu a qualidade e profissionalismo do futebol equatoriano. "Cansei-me dos rótulos de Portugal. O Renato, o Rúben Amorim e o Abel Ferreira estão a fazer isto e aquilo. Viemos todos da formação. Se ligasse a essas coisas, já me tinha suicidado. Estou num país que chamam de terceiro mundo, mas onde só despediram três treinadores. Antes de me contratarem só o homem da relva não me entrevistou. Pediram-me modelos de jogos e falaram com o Rúben Dias e o João Félix. As pessoas aqui querem ganhar tanto como em Portugal, mas o que importa é perceber se querem defender os projetos", disparou Renato Paiva, que tem mais um ano de contrato com o Del Valle.