Regragui questionado sobre árabes não treinarem na Europa: "Não somos ignorantes"
Declarações de Walid Regragui, selecionador de Marrocos, na antevisão ao jogo com Portugal, agendado para as 15h00 de sábado e a contar para os quartos de final de Mundial.
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Sentem o apoio do continente? "Estou orgulhoso. O meu país também. Temos o nosso povo, a nossa religião e a primeira equipa árabe africana nos quartos de final. Sentimos essa energia positiva. Temos um continente que nos apoia, não só o nosso país. Jogaremos para o nosso país."
Uniu Marrocos. Esperava ter esse papel? "A seleção deve ser um porta-bandeira. O nosso objetivo é vencer cada jogo e temos de tentar unir os marroquinos em torno de um projeto. Isso vale mais do que o dinheiro, do que os títulos. Não devemos parar, estamos aqui para ir o mais longe possível. Quanto mais tempo ficarmos melhor. Vamos lutar para progredir. Não vale a pena pensar no positivo, no que fizemos. Estamos a tentar certificar-nos de que temos fome para mais. Há quem tenha analisado os dados todos da posse de bola, das médias e a Espanha era favorita. E nós passámos."
Árabes não treinam na Europa: "Porque os clubes não contratam treinadores árabes? Barcelona e Manchester City não contratariam um árabe neste momento. Não somos ignorantes, é uma questão de mentalidade. Mas agora os africanos têm estado a mostrar que percebem, que estão com bons resultados. É uma mudança que poderá acontecer. O local de nascimento, a política, a religião não importam. Quero mudar a mentalidade. A habilidade é o mais importante e há muitos que podem vingar na Europa. Eu disse ao presidente que traria Marrocos ao Mundial e que depois logo se via porque tudo podia correr mal cá."
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Pouca bola contra a Espanha? "Vimos os últimos 20 jogos da Espanha e percebemos que não era possível ter mais bola do que eles. Porque precisávamos de ter a bola? Porque temos de jogar bem e chorar por perder? É preciso, sim, que tenhamos mais a bola, mas jogamos as nossas forças e temos o nosso plano."
Pressão positiva: "É a quarta vez que uma equipa africana chega tão longe, mas é uma pressão positiva. Temos o nosso foco, estamos a jogar bem. Apanhámos a Espanha que é a equipa que te faz mais correr, enfrentámos a Bélgica, a Croácia e o Canadá, que é a melhor equipa norte-americana. Temos todo um continente a apoiar-nos, o mundo árabe também está connosco. Somos um outsider, conhecemos as nossas forças, mas não nos podemos deslumbrar. Temos de ter a intensidade que mostramos sempre. Portugal vai tentar resolver a partida o mais rapidamente possível. As equipas africanas tiveram um grande progresso, estamos a investir no futebol e era preciso um outsider para quebrar um paradigma, para mudar a mentalidade. Se acreditamos que tudo é possível, é preciso provar que todos podem vencer. Estamos aqui para isso. Não somos uma seleção gentil, o nosso progresso não foi acidente e vamos criar perigo."
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