Recorde, curiosidades e aprovação da crítica: adeptos aderiram ao jogo no sofá

Houve quem protestasse, mas, por estes dias, a contestação na Alemanha é difusa e a que condenou a "Bundesliga a qualquer preço", leia-se o regresso do futebol interrompido há dois meses devido ao surto pandémico de covid-19, diluiu-se na que repudia as restrições imposta pelo governo para travar a propagação da doença.

Houve quem estranhasse o "ambiente fantasmagórico" (como os jornais The Guardian e Marca), mas quem já alguma vez na vida pegou numa bola de futebol sabe que, de onde quer que se observe, o jogo é ali dentro dentro do campo: ali é tudo e nada mais existe, a não ser no golo, quando o mundo é chamado à festa (e o mundo pode ser a rua, o recreio ou um estádio monumental com 80 mil cadeiras vazias); e talvez por isso o "teste global" à versão assética da modalidade foi aprovado.

Porque "é o mesmo futebol de sempre", escreveu o argentino Clarín. "Como espetáculo pode não ser perfeito, mas é o que temos. Com ou sem adeptos, futebol é futebol", escreveu a Sports Illustrated, em consonância com o britânico The Independent, para quem esta versão vale mais do que "futebol nenhum" e é "certamente melhor do que ficar sem clubes de futebol".

Citação citacao "Acredito que, dentro das limitações, haverá rigor total. Estou muito otimista quanto ao regresso da Liga"

Visto pelos olhos de Vítor Paneira, futebolista inesquecível, treinador e comentador de futebol na Sport TV, o regresso do futebol ficou marcado pela "sensação muito estranha de não haver público". "Sente-se o impacto de bater na bola, ouvem-se os treinadores, os jogadores a falar uns com os outros", referiu. A I Liga é a próxima a avançar para os relvados, a 4 de junho, num ambiente semelhante. Se, para muitos adeptos de sofá, ouvir o que vai no relvado será novidade, para Vítor Paneira será apenas uma questão de proximidade com uma realidade da qual tem "quase sempre perceção", tantos os anos de futebol. Também por isso, antecipa que será necessária "alguma contenção" aos protagonistas, pois, embora com bancadas vazias, os adeptos estarão mais perto.

Os primeiros números desta jornada em que o mundo esteve de olhos postos na Bundesliga confirmam isso mesmo: houve mais de seis milhões a ver a bola, um recorde de audiência para a Sky alemã, detentora dos direitos televisivos da prova. Segundo o site DWDL.de, especializado na matéria, houve 3,68 milhões de espectadores nos canais pagos, o dobro do habitual, e 2,45 milhões em sinal aberto, através da Konferenz, uma transmissão ao vivo em simultâneo dos cinco jogos de sábado à tarde, com diretos a partir dos vários estádios. Mais de 70 operadores levaram os desafios ao resto do mundo.