Ranieri e uma disciplina pendente: "Tenho a porta aberta para uma seleção"
Treinador italiano deixa o Cagliari após a partida desta quinta-feira, contra a Fiorentina. Falou-se na retirada, aos 73 anos, mas ainda não é uma certeza
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Apenas uma vez Claudio Ranieri esteve à frente de seleções, durante quatro jogos ao comando da Grécia. Uma disciplina chumbada (não venceu nenhum jogo), que faz com que o experiente técnico, de 73 anos, queira tentar de novo ser selecionador antes de terminar de vez a carreira.
Após ter garantido a permanência do Cagliari na penúltima jornada da Serie A, um ano depois de o ter subido da Serie B, Claudio Ranieri vai deixar o comando do emblema, com a Imprensa a adiantar o cenário de fim de carreira, que o próprio já questionou.
"Porque é que decidi parar? Antes de vir para o Cagliari, houve duas ou três equipas que me procuraram, mas nada se concretizou. Depois, quando chegou Cagliari, percebi por quê. O destino quis que eu fechasse o círculo com o Cagliari e eu disse a mim próprio: 'Aqui vou terminar a minha carreira como treinador de um clube'. Se amanhã houver uma seleção nacional, não estou a falar da italiana, mas que desperte algo em mim, posso dizer que tenho a porta aberta. Agora vou de férias, viajar. Gostaria também de me dedicar à minha família, aos meus netos. Um avô, por vezes, também tem de ser avô", gracejou.
O Cagliari, onde Ranieri iniciou o seu percurso como treinador principal entre 1988 e 1991, tendo levado na altura o clube da terceira à primeira divisão do futebol transalpino, confirmou esta terça-feira a despedida do seu técnico, por mútuo acordo, numa altura em que tinha mais um ano de contrato.
Esse anúncio surgiu por intermédio de um tributo denominado “Obrigado para sempre, míster”, em formato vídeo, no qual o clube enaltece o feito conseguido pelo técnico italiano esta época.
“É como se tivéssemos visto um filme digno dos Óscares que nos conquista com um guião perfeito. Um daqueles filmes que te faz rir, mas que também te move e faz sentir emoção. Estas são lágrimas de alegria e gratidão pelo homem que foi capaz de escrever alguns dos capítulos mais bonitos da história do Cagliari. O que ele fez manter-se-á indelével nos corações dos nossos adeptos”, frisam.
“Prefiro sair assim e não no ano que vem, quando talvez as coisas não corram bem. Já sabem quanto medo tinha de voltar ao Cagliari para não estragar os três primeiros anos que me encheram o coração. As coisas não estavam a correr bem e eu não queria vir [em janeiro de 2023], mas depois li as palavras de Gigi Riva [antigo jogador do Cagliari, falecido em janeiro], que dizia que Claudio era um dos nossos. Então decidi correr o risco, mas agora chegou o momento de vos deixar. Espero ser recordado como uma pessoa positiva, que pediu ajuda às gentes de Cagliari. Sem elas, não o teríamos conseguido. O público foi o homem extra nos momentos difíceis, sempre acreditou nas minhas palavras e nunca nos abandonou, apoiando-nos e nunca reclamando. Estarei para sempre agradecido ao público, que me fez viver um ano e meio esplêndido”, explicou, por sua vez, Ranieri.
Herói do título da Premier League do Leicester em 2016, Ranieri passou ainda pelos bancos do Nápoles, Fiorentina, Valência, Atlético de Madrid, Chelsea, Parma, Juventus, Roma, Inter, Mónaco, Nantes, Fulham, Sampdória e Watford, para além de ter comandado a seleção da Grécia.