Um artigo de opinião de Cláudia Garcia sobre o avançado português, eleito o melhor jogador da Serie A.
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Das críticas ao Olimpo dos Deuses do calcio. É lá que mora agora o nosso Rafael Leão. O melhor jogador da Serie A desta época, como era de esperar, é ele, o avançado do Milan, e isso é suficiente para massajar o ego de todos nós portugueses.
Que é um craque, isso já sabíamos. Que é rápido e elegante como raramente se vê em campo também, mas não sabíamos que também podia ser decisivo ao ponto de carregar o Milan nas costas no "match ball" scudetto que o clube viveu nas últimas semanas: Genova, Lázio, Fiorentina, Verona, Atalanta e Sassuolo. Estes foram os seis jogos decisivos em que o Milan não podia falhar para conquistar o título italiano. Em todos eles, Leão deixou marca: com golos ou com assistências, foi quase sempre o melhor em campo. A maturidade desportiva que alcançou aos 22 anos é admirável. É ele a estrela deste 19.º scudetto rossonero, que deixa o Milan a "um" campeonato de conquistar a segunda estrela na camisola.
Esta época Rafael Leão foi o jogador dos clubes do Top-4 da Serie A com mais dribles por jogo, uma média de oito por 90 minutos. Mais do dobro de Cuadrado, Dybala, Osimhen, Lautaro ou Perisic, por exemplo. Nomes não propriamente desconhecidos. Além disso, terminou como melhor marcador do Milan a par de Giroud com 11 golos, e com mais 10 assistências que fazem do ex-jogador do Sporting o maior "assist-man" rossonero e o quarto de toda a Serie A. Números na mão impressionantes, mas não avassaladores, porque o talento de Leão dá ainda para muito mais.
A convicção é que o jogador português pode chegar ainda mais longe, mas o melhor para ele e para o Milan é mesmo continuarem juntos. Em Milão, é amado e protegido pelo clube. Tem a admiração dos mais novos e o respeito dos mais velhos. E foi neste contexto familiar que Leão emergiu como um vencedor. Não sabemos como seria agora coloca-lo noutro contexto. É um risco que se fosse a ele não quereria correr tão cedo. Além disso, o Milan já não é um gigante adormecido. O Milan é um gigante rejuvenescido, que, com alguns reforços bem escolhidos, pode voltar a brilhar não só em Itália, mas também nos palcos europeus.
"O meu desafio mais bonito vai ser melhorar Rafael Leão", tinha dito Pioli no final da época passada. Trabalho feito. Se antes não lhe bastava o talento para mandar calar os críticos, agora Leão já ganhou o direito de o fazer, porque a história está escrita. Essa já ninguém lha tira. Para os rossoneri, ao fim de onze anos a seco, este é o momento mais importante para o clube. Eles próprios dizem: Manchester 2003, e Sassuolo 2022 os dois momentos únicos. Assinado Rafael Leão.