Quim Berto, um treinador a viver o impensável em Andorra: "Fui obrigado a sair de casa"
O treinador espelha as dificuldades financeiras com que se debate o Lusitanos, em Andorra, e que afetam mais compatriotas.
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O fim de ano está a ser complicado no Lusitanos em Andorra. A equipa técnica liderada por Quim Berto e o plantel composto por 11 jogadores portugueses está sem receber e as dificuldades já resultaram em saídas forçadas de habitações.
"Os meus jogadores são uns heróis do caraças! Há dois meses de salários em atraso", começa por explicar Quim Berto a O JOGO, dando exemplos da gravidade da situação com que tem lidado porque a Direção presidida pelo português António Cerqueira também não tem cumprido com outras obrigações. "Eu tive de sair da minha casa porque o clube não pagou quatro meses de renda. Felizmente, o proprietário é português e permitiu que deixasse as minhas coisas lá até ao último jogo", afirma o treinador, salientando que o seu exemplo se alastra ao grupo. "Os jogadores precisam de dinheiro. Não são jogadores caros, como outros. O dinheiro já não é muito, sem ele imagine-se como está a vida deles", alerta Quim Berto, que rumou ao Lusitanos esta época, após ter saído do Varzim.
O técnico diz sentir-se enganado porque a Direção não explicou a extensão dos problemas quando lhe apresentou o projeto. "Têm sido cinco meses muito difíceis em que todos os dias aparecia uma luta, problemas que tínhamos de contornar. Queríamos ajudar o clube, mas estamos no limite dos limites", reforça Quim Berto, responsabilizando o "presidente por ter ocultado que "o clube poderá não ter a licença da UEFA para se inscrever nas provas europeias", mas definiu "como objetivo lutar pelo título". "A Federação também tem de ser responsabilizada. Entregou a verba referente a esta época - 60 a 70 mil euros - sem avisar os jogadores. Agora, ninguém sabe onde pára o dinheiro", salienta Quim Berto, que atribui a estes problemas o quinto lugar na liga. Caso contrário, afirma: "Estamos a seis pontos do líder e a três do segundo posto. Como diria Mourinho: se houvesse organização, era campeão com um olho..."