"Quando pensas na tática e em sobreviver ao mesmo tempo, o Europeu é um treino"
A Ucrânia vai defrontar a Espanha nas meias-finais do Europeu sub-21, com Igor Jovicevic, treinador do Shakhtar Donetsk em 2022/23, a salientar a força mental que os jogadores ucranianos ganharam devido à guerra contra a Rússia.
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Esta quarta-feira vai acolher os jogos das meias-finais do Europeu sub-21, começando com Israel a medir forças com a Inglaterra (17h00) e depois a Espanha a defrontar a Ucrânia (20h00).
Nesse âmbito, o jornal Marca procurou conversar com alguém próximo à equipa ucraniana, escolhendo Igor Jovicevic, que orientou o Shakhtar Donetsk em 2022/23. O treinador, questionado sobre os jogadores da sua seleção, não teve dúvidas em enaltecer a sua força mental, adquirida graças à invasão russa do país.
"Conhocemo-nos profundamente na altura das bombas, dos sótões e das viagens em autocarros. Para irmos a um jogo de Champions eram 20 horas [de viagem] e para um do campeonato ucraniano chegavam a ser 17 horas. Aguentámos sirenes, vivemos em bunkers, em sótões... Eu vivo no último ano num bunker. É uma prova mental tremenda, tornou-os mais fortes e ajudou-os a retirar este potencial", destacou.
"Quando fazes jogos importantes e estás a pensar na tática e em sobreviver a bombas ao mesmo tempo, o Europeu é um treino. Estávamos no hotel a pensar em sobreviver, em que não caísse uma bomba, e ao mesmo tempo tenho de pensar em ganhar a Benzema, Vinícius e companhia. O futebol é a forma de demonstrar que a Ucrânia quer viver como todos. As condições extremas fazem-te estar mais concentrado, porque estás a lutar", prosseguiu o treinador.
Jovicevic garantiu ainda não ser "casualidade" o facto de o Chelsea ter investido 100 milhões de euros na contratação de Mykhailo Mudryk ao Shakhtar, salientando a qualidade individual da seleção ucraniana.
"Sudakov é um mega craque. Bondarenko, com a sua calma, parece que não é explosivo, mas tem um cérebro de ouro. É incrível como dominam os jogos. Com Mudrky podes ganhar a Espanha, que terá a posse, mas no contra-ataque podem ser muito letais", alertou.
"Estes jogadores têm muita projeção para continuarem a progredir. São uma geração que deu um grande salto com o Shakhtar. O mundo tem falado de nós nestas condições que não são humanas", rematou, em jeito de conclusão.
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