Depois de mais de uma década de formação nas escolas do FC Porto, Leandro Silva emigrou e deu seguimento à sua carreira no Chipre, onde alinha pelo AEL Limassol, o atual líder de um campeonato que o médio de 24 anos considera ter mais qualidade do que se pensa em Portugal.
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Na época passada, o jogador natural de Castelo de Paiva já havia alinhado pelo clube cipriota, então por empréstimo dos dragões, ligação que quebrou para assinar em definitivo, numa decisão que não lamenta, mas que espera ver revertida no futuro. O sonho de jogar pela equipa principal dos azuis e brancos, diz, ainda não se desvaneceu, como de ouvir o hino da Liga dos Campeões em pleno relvado, que o AEL lhe pode proporcionar.
Nos últimos três jogos pelo AEL Limassol marcou um golo e fez duas assistências. O balanço deste arranque de época é positivo?
A época está a correr muito bem, estamos em primeiro no campeonato, nos últimos três jogos tive, de facto, esse rendimento. Mesmo não tendo sido titular, entrei e consegui ajudar a equipa. Na época passada fiz mais jogos a titular, joguei 32 jogos, e este ano tenho sete até ao momento, três deles de início. São opções, mas o mais importante é a equipa estar em primeiro lugar e, além disso, tenho entrado bem. O nosso objetivo é sermos campeões, o que me poderá permitir concretizar o sonho de jogar na Liga dos Campeões.
Já jogou na última época no AEL Limassol, iniciou agora a segunda temporada. Quais são as diferenças para o futebol português?
Os jogos, por norma, partem mais um pouco aqui, mas existe bastante qualidade no Chipre. Quando vim tinha uma ideia que se revelou errada, pensava que o nível era baixo, mas depois percebi que há equipas muito fortes neste campeonato. Ainda há pouco vimos o Apollon ganhar ao Marselha e à Lázio para a Liga Europa. Há cinco ou seis equipas fortes que, caso jogassem em Portugal, certamente ficariam a meio da tabela com facilidade. E vou dar um exemplo que me parece esclarecedor e até engraçado relativamente à qualidade que há no Chipre. Quando aqui cheguei, ao terceiro jogo fomos jogar com o AEK Larnaca e, como eu não conhecia nada, fui ver o plantel deles e reparei que tinham muitos espanhóis e jogadores como 35, 34, 32 anos. E eu pensei, vamos jogar contra velhos, mas posso dizer que foi o maior banho de bola que levei na minha carreira e durante todo o jogo devo ter tocado, no máximo, quatro vezes na bola.
Não está arrependido da opção que tomou na sua carreira ao trocar o futebol português pelo AEL Limassol?
Não estou nada arrependido, a minha família sente-se bem aqui, as pessoas tratam-me bem e gostam de mim. Se tivesse continuado em Portugal e como tinha contrato com o FC Porto, iria continuar a ser emprestado e por isso tomei outra opção, saí da minha zona de conforto. As coisas estão a correr-me bem, estou feliz, a minha mulher também, e isso é que é importante. Claro que lamento estar longe do resto da minha família, que me custa muito, mas este é um país bom e temos um bom nível de vida.
Essas saudades da família vão ser atenuadas agora no Natal?
Sim, tenho jogo dia 23 e depois viajo para Portugal, mas dia 28 já estarei de regresso. As saudades são muitas, a minha mulher está grávida e temos de aproveitar esta pequena pausa.
O futuro passa pela continuidade no AEL Limassol?
Tenho este ano e mais um de contrato, sei que o meu empresário, António Carlos Rodrigues, tem recebido algumas abordagens de clubes estrangeiros, mas também nacionais, será uma decisão a tomar mais tarde por mim e pelo AEL, mas estou feliz e sinto-me bem aqui.
"Quando falam de mim aqui dizem que sou o Leandro do FC Porto"
O facto de ter sido formado no FC Porto, esse carimbo da formação portista, tem tido influência na carreira?
Estive 12 anos ligado ao FC Porto, claro que as pessoas olham para mim, e por quem passa por aquela casa, de maneira diferente, pelo clube que é e pela história que tem. Mesmo aqui no Chipre, as pessoas quando falam de mim imediatamente falam também do FC Porto. Como joguei lá, como estive até na equipa B, quando falam de mim referem-se logo ao Leandro do FC Porto. Além disso, nessa casa têm sido formados muitos e bons jogadores, pelo que a projeção que se tem pela formação no FC Porto, com todo o respeito pelos outros clubes, é totalmente diferente e outro qualquer clube em Portugal.
Ainda chegou a jogar com alguns jogadores que estão atualmente no plantel principal. Lamenta não ter chegado a esse patamar?
Joguei na equipa B com o Herrera, o Otávio, o Fabiano, não cheguei a jogar com o Sérgio Oliveira porque quando ele estava nos bês eu ainda era júnior, mas ainda treinei com ele. O meu objetivo era chegar à equipa principal, como é o de todos os jovens que passam pela formação do FC Porto, não aconteceu ainda, mas ainda não se desfez esse sonho.