Adriano Teixeira, antigo analista do FC Porto é agora treinador-adjunto no Al-Sadd, do Catar, e explica que foi a possibilidade de trabalhar com o "pai futebolístico" de Guardiola que o convenceu
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Foi no último andar do condomínio onde vive, com uma espetacular vista sobre Lusail, que Adriano Teixeira esteve à conversa com O JOGO. De Serzedelo a Doha, com muito FC Porto pelo meio, o técnico-adjunto do Al-Sadd dá-se a conhecer.
A O JOGO, o técnico, de 29 anos, conta que tinha "tudo acordado para renovar" com o FC Porto, mas foi persuadido à última hora para rumar a um destino que o seduziu e está "em crescimento".
Como veio parar ao Catar?
-Comecei como adjunto no Serzedelo, com um tio meu que ainda é treinador. Dois anos depois, deixei o clube, onde ganhava 50 euros por mês, para ir ganhar zero na formação do FC Porto. Falei com os meus pais e disse-lhes que se me suportassem aquela época eu só saía do FC Porto quando chegasse à equipa principal. Assim foi, até atingir a equipa A, como analista de adversário e equipa. Tinha tudo acordado para renovar, mas quando determinadas pessoas ligam, não podes dizer que não. E quando te ligam para integrar a equipa técnica do Juan Lillo, que era adjunto do Guardiola e foi nomeado por Pep como o seu "pai no futebol", não podes dizer que não. Há ainda o facto de o futebol do Catar estar a crescer, a tornar-se mais profissional e ainda o lado financeiro, que muita gente omite mas é importante. Ao contrário do que dizem, o Catar é um país apelativo.
O que é que o surpreendeu mais no país?
-A segurança e organização. Controlam todos os teus passos, mas de uma forma natural, não te sentes perseguido. As pessoas que criticam deviam ver o país com os próprios olhos. Claro que há a questão dos direitos humanos, mas temos de pensar que essas pessoas vieram para cá ganhar 10 ou 20 vezes mais do que alguma vez ganhariam no país de origem.
O Mundial vai potenciar o futebol catari?
-Em Portugal é fácil ter crianças a praticar futebol, porque em casa toda a gente fala disso. Aqui, fala-se de corridas de camelos. Nos jogos, temos 200 ou 300 pessoas a ver. Como os cataris não passam fome, a adesão não acontece por necessidade, mas sim pela paixão, que não é grande. Queremos envolver jogadores e adeptos nesta evolução. O Mundial vai acabar por se provar importante na expansão da Qatar Stars League, assim como o trabalho da equipa do Antero Henrique, que é o diretor desportivo da liga.
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