Puskas da Trofa deu voltas e foi parar à gelada Islândia: "Tenho roupa apropriada"
Telmo Castanheira assinou pelos islandeses do ÍBV, liderado por Pedro Hipólito e onde jogam ainda Diogo Coelho e Rafael Veloso.
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No dia em que Telmo Castanheira, com um grande pontapé de bicicleta, fez o segundo golo da vitória do Trofense sobre o Mirandês na oitava jornada da Série A do Campeonato de Portugal, a sua obra de arte tornou-se viral nas redes sociais com o público a pedir que fosse candidato ao Prémio Puskas. E esse viria a ser também o pontapé para a sua saída para o estrangeiro. "O golo fez com que as pessoas estivessem mais atentas e soubessem quem sou, ficaram mais curiosas, isso ajudou, claro", referiu o médio de 26 anos, que entre os diferentes convites se deixou cativar pelo dos islandeses do ÍBV, com os quais assinou por duas épocas. "Tive abordagens de clubes em Portugal, mas nada concreto nem sequer comparável com as condições que me ofereceram aqui. Tive propostas de Chipre e da Roménia, mas a Islândia foi mais aliciante por vários motivos", revelou Tomás Castanheira, explicando: "Por ser a primeira divisão, pelo interesse que demonstraram, pelas condições que me ofereceram, pela visibilidade que terei nestes países à volta, tudo fez com que fosse irrecusável. Claro que a parte financeira teve peso."
O treinador Pedro Hipólito, que comanda o clube nórdico, "mostrou interesse", como contou Telmo, e daí até fazer as malas foi tudo muito rápido. "Ele conhecia-me e quis-me na equipa dele", referiu o jogador, que está em plena pré-época num plantel onde jogam mais dois portugueses: Diogo Coelho, que representou o Real Massamá e já está no ÍBV há meia época, e Rafael Veloso, que jogou na terceira divisão norueguesa e acaba de chegar.
https://d3t5avr471xfwf.cloudfront.net/2018/10/que_golo_fantastico_de_telmo_castanheira_no_campeonato_de_portugal_um_pontape_de_bicicleta_a_fazer_lembrar_o_futebol_praia_ha_tanto_talento_por_20181014212521/hls/video.m3u8
O ÍBV é um clube do meio da tabela que esteve na Liga Europa no ano passado, o que também contribuiu para a mudança repentina de Telmo. "Gostava de lutar pelas competições europeias", confessou o jogador, preparado para "um futebol diferente", que em fevereiro começa com a Taça da Liga e se prolonga até setembro com a disputa do campeonato islandês que conta com um total de 12 equipas.
Há uma semana em Vestmannaeyjar, uma pequena ilha junto à costa sul, a 150 km da capital Reiquiavique, o médio português resumiu numa frase as primeiras impressões - "É calmo e muito civilizado e as pessoas são muito educadas" -, destacando "as quatro horas diárias de sol", o que para um português "não é fácil". "Com o frio no dia a dia lido bem porque tenho roupa apropriada, a distância do meu país, ainda por cima numa ilha, faz com que esteja muito isolado e não tem o movimento da capital, por exemplo, mas é uma questão de adaptação. Começando os jogos oficiais fica mais fácil", adiantou Telmo, acrescentando: "Tenho saudades das pessoas que deixei em Portugal. É algo com que tenho de me habituar a lidar. Ainda só estou a acabar a primeira semana, vai ser um ano duro nesse aspeto, mas é o preço a pagar para lutar pelos sonhos."
Não havendo "espaço em Portugal" para Telmo Castanheira, a Islândia revelou-se uma oportunidade que o jogador português encara como uma aprendizagem: "Vai ser duro na parte social, mas será uma experiência que me vai fazer crescer muito."