Em causa o castigo atribuído ao Cerro Porteño, do Paraguai, após Luighi, um jovem jogador do Palmeiras, ter sido alvo de racismo durante um jogo da Taça Libertadores sub-20
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Leila Pereira, presidente do Palmeiras, do treinador português Abel Ferreira, sugeriu esta terça-feira que os emblemas brasileiros passem a competir em provas da Confederação das Associações de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (CONCAFAF), em vez de estarem sob a alçada da Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL).
Esta sugestão surgiu após o Cerro Porteño, do Paraguai, ter recebido uma multa de 45 mil euros pelos insultos racistas dirigidos a Luighi, do Palmeiras, ocorridos num jogo relativo à Taça Libertadores sub-20.
Além da multa, o Cerro irá disputar os restantes jogos da prova internacional à porta fechada e terá de publicar nas redes sociais oficiais uma campanha de sensibilização contra o racismo, mas o castigo não satisfez, nem de perto, a dirigente máxima do “Verdão”, que não poupou nas críticas à CONMEBOL.
“Dado que a CONMEBOL não é capaz de prevenir este tipo de crimes e não é capaz de tratar os brasileiros com a mesma importância que os clubes representam para a CONMEBOL, por que não pensar em unirmo-nos com a CONCACAF? Só assim respeitarão o futebol brasileiro. É algo em que pensar”, começou por dizer Leila Pereira, em direto para a TNT Sports.
“Quando ocorreu o incidente, liguei ao presidente [da CONMEBOL] Alejandro Domínguez, mas ele não podia falar. Depois de ele dar a entrevista que todos viram, ligou-me e disse-me que seria muito estrito com as sanções, mas, pelo que vi, não foi assim tão estrito. Não tenho dúvidas de que isto é um incentivo para que ocorram novos casos de racismo. Também temos solidariedade com todos os clubes brasileiros, a grande maioria dos quais já sofreram este tipo de delitos na América do Sul, em torneios organizados pela CONMEBOL. Isto não vai ficar assim, tomaremos medidas muito sérias contra a CONMEBOL. Uma notinha não chega, temos de continuar a tomar medidas fortes”, vincou, considerando que a multa aplicada ao Cerro Porteño foi uma “vergonha”.
“Tivemos de esquecer essa cena que não vi só eu, viu o mundo inteiro, e não tenho dúvidas de que todos se comoveram ao verem que esse miúdo de 18 anos teve a coragem de mostrar toda a sua dor em frente às câmaras. Podia ver-se a dor na sua cara e as lágrimas de Luighi não serão em vão, lutaremos. A penalidade que determinou a CONMEBOL foi ridícula!”, reforçou, desta vez em direto para a Cazé TV.
Leila Pereira garantiu ainda que se reunirá com representantes de vários clubes ao longo desta semana na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para discutir este assunto: “Se não nos respeitam aqui na América do Sul, por que não ir à CONCACAF? Financeiramente, certamente será melhor os clubes brasileiros. Podíamos pensar seriamente nisso”, concluiu.