"Praticamente driblei sempre o vírus. Agora o maior problema está na Europa"
João Silva, do Nantong Zhiyun, viajou para Portugal antes de o país asiático ser afetado pelo coronavírus. Voltou quando o surto abalou a Europa.
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João Silva é um dos vários futebolistas portugueses que estão espalhados pelo mundo e que têm em comum a vontade de retomar a sua carreira. O avançado mudou-se para a China, mais concretamente para o Nantong Zhiyun, no verão passado e fez sete jogos entre agosto e outubro na II liga local, antes de o país ficar nas bocas do mundo por ter sido onde começou a pandemia do novo coronavírus.
Aliás, o jogador não chegou a conviver de perto com a covid-19, que só este ano começou a ser notícia de telejornais. "Eu saí da China quando começou a aparecer o vírus e, quando passou a estar controlado, voltei. Praticamente driblei sempre o vírus. Agora, a vida aqui já segue normalmente e o maior problema está na Europa", explicou o jogador de 29 anos, que deixou o território chinês a 20 de janeiro. Regressou a 5 de março e foi obrigado a respeitar uma série de medidas. "Vim com um pouco de receio. Como todos sabemos, a pandemia começou aqui. O clube garantiu-me que estava tudo tranquilo e, quando cheguei ao aeroporto comecei a entender que estavam a tomar medidas rigorosas. Demorei 12 horas para sair de lá! Depois de aterrar estive cerca de dez horas dentro do avião. Eles não queriam aglomerações dentro do aeroporto, daí esse controlo", revelou, acrescentando que "mediam a temperatura e davam três cores - verde, amarelo e vermelho - aos passageiros, conforme os sintomas e as zonas de onde viessem".
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Ultrapassada essa etapa, João Silva cumpriu um período de quarentena de 16 dias, fechado no quarto do hotel do clube, e agora já treina normalmente com os restantes companheiros, ainda que não haja indicação de uma data oficial para o arranque da temporada. "Estou em pré-época há alguns dias, já disputámos amigáveis, mas estima-se que este período possa durar três meses. Fala-se do começo dos campeonatos só lá para junho, ainda que nada esteja definido", contou.
João Silva teve propostas de emblemas portugueses e turcos, entre outros europeus, antes de assinar pelo Nantong Zhiyun e, apesar de todos estes condicionamentos, o ponta de lança está agradado com esta experiência numa cultura diferente. "A liga surpreendeu-me pela positiva, pois é bastante competitiva - o último pode ganhar ao primeiro - e os estádios estão sempre cheios", elogiou o avançado que, em sete jogos, marcou dois golos, nos dois primeiros, isto relativamente à época anterior, em que a sua equipa terminou o campeonato no 12.º lugar.