O lateral Hélder Lopes foi a jogo sem fazer pré-época, ajudando o Hapoel Beer Sheva num jogo da Liga Europa (contra o Levski) e, depois, a vencer a Supertaça
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Hélder Lopes, 36 anos, estendeu as férias em Portugal na incerteza do quanto se prolongariam as ameaças iranianas em solo israelita, na resposta aos bombardeamentos em Teerão. Já com uma história importante no Hapoel Beer Sheva, o lateral-esquerdo decidiu renovar contrato mal se desenhou o fim do conflito, mesmo medindo várias ofertas nacionais, que sugeriam que pudesse jogar perto de casa. Num ápice voou para a Polónia para apanhar a equipa em estágio, jogando um amigável, de pronto, que o aqueceu sem pré-época tradicional para um jogo a doer com o Levski Sofia.
A equipa do luso joga na quinta-feira a segunda mão da primeira eliminatória da Liga Europa. No primeiro jogo, com Lopes em campo, um empate na Bulgária deixou boas perspetivas.
"Não foi um verão fácil, foi dos mais agitados. Tive muitas propostas para voltar a Portugal, que eram tentadoras e a coisa esteve iminente. Refleti com a família, toda a situação da guerra deixou-me receoso, mas decidi continuar pela vertente financeira. Mas também por manter ambições de lutar por títulos e jogar na UEFA", contextualizou Hélder Lopes, que não podia sonhar melhor início de ação, levantando, segunda-feira, a Supertaça de Israel, após vitória por 2-1 sobre o Maccabi Telavive. As fotos da celebração envolvem ainda Miguel Vítor.
"Graças a Deus já conseguimos o primeiro título e agora vamos tentar chegar à Liga Europa. Não é fácil, mas lutaremos", reporta o lateral, dando conta de como foi regressar a Israel e tentar recuperar as rotinas. "Desde que cheguei vive-se uma vida normal, sem alarmes, sem nada de preocupante. Passei pela cidade e apenas vi um edifício atingido pelos rockets. Sei que o hospital sofreu danos, mas muito limitados. Não vi grandes consequências do que aconteceu nesses dias e vejo um ambiente tranquilo e seguro, de normalidade, onde tudo funciona", observa, particularizando um arranque atípico de época.
Hélder Lopes estreou-se no Hapoel Beer Sheva a 12 de setembro de 2021. Está na quinta época no clube israelita
"Foi chegar, ver, jogar e vencer. Atrasei-me nos treinos pelo tempo de indefinição em que fiquei em Portugal. Quando a guerra começou a comitiva partiu para a Polónia. Eu perdi isso, juntei-me ao estágio mesmo no final e renovei apenas no fim do conflito. Aterrei e fiz logo 20 minutos de um amigável", conta Hélder Lopes. "Passados quatro dias já jogava os 90 minutos diante do Levski. E agora veio a cereja no topo do bolo, que foi a conquista da Supertaça. E sem descanso, após três dias do Levski, deu só para fazer alguma recuperação. Não havia mínimas condições, mas conseguimos vencer e levantar um troféu", desabafa, apreciando o presente com fortes motivações.
"Mantenho ambições de ajudar o clube a somar títulos, entrar nas provas europeias, fazer mais uma boa época e o máximo de jogos. Desfruto do momento, mas sinto-me capaz de jogar mais uns anos", reflete Hélder Lopes, acreditando também na força de quem defende.
"O Hapoel manteve o núcleo duro, estamos a construir uma equipa mais forte do que na época passada. Aumentaram os estrangeiros, de seis para oito, e isso poderá melhorar a qualidade das equipas e da Liga. Ainda não estamos cem por cento fortalecidos, faltam dois ou três reforços, mas já percebo que vamos ser muito competitivos. Sabemos que não será fácil encontrar mais-valias, porque a situação da guerra deixou muita gente receosa."