"Portugal está recheado de craques mundiais e não podem jogar todos ao mesmo tempo"
Steven Vitória defrontou a equipa africana na fase de grupos do Mundial e aconselha a seleção portuguesa a ter, no encontro de amanhã, atenção redobrada ao flanco direito contrário. Titular na derrota do Canadá com o próximo adversário de Portugal, o central do Chaves dá a receita à Seleção para amanhã. "Com maior ou menor dificuldade, Portugal vai vencer", atira.
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O emparelhamento dos quartos de final do Mundial colocou a grande surpresa da competição no caminho de Portugal. Depois do primeiro lugar no grupo de Croácia, Bélgica e Canadá, Marrocos deixou pelo caminho a Espanha, riscando do quadro um duelo ibérico. Um percurso sem derrotas e com apenas um golo sofrido, que a Seleção espera ver terminado amanhã. Para isso, terá de centrar esforços no cumprimento de uma missão: anular as dinâmicas de Achraf Hakimi e Hakim Ziyech.
Quem o diz é Steven Vitória, central canadiano que defrontou os Leões do Atlas na fase de grupos.
Como Portugal pode surpreender Marrocos?
-É o claro favorito, sabendo que quanto mais longe se vai, menos favoritas são as equipas. Mas Portugal tem estrelas em todos os setores. Vão, de certeza, encontrar o caminho certo. Por aquilo que vimos contra a Espanha, deverão fechar-se completamente e, depois, escolherem bem os momentos de contra-atacar, o que fazem com mestria. A Seleção precisa de ter um equilíbrio muito sólido, porque Marrocos vai saber qual é o momento certo para tentar ferir Portugal.
E o que é preciso fazer para os anular?
-Eu joguei contra eles, pelo Canadá, e percebi que a chave passa por conseguir anular aquela química entre o Ziyech e o Hakimi, do lado direito. Vivem muito do que fazem nesse corredor. Em condições normais, anulando esses dois, anula-se grande parte do que Marrocos pode fazer. Mas têm alternativas, claro, vivem de entreajuda, fechadinhos. Se for preciso ter onze atrás da linha da bola, é lá que vão estar.
E como se anulam esses dois jogadores?
-Portugal tem de fazer aquilo que Marrocos faz: tem de haver entreajuda e não ficar muito exposto. Nós, Canadá, entrámos com pressão alta e pagámos o preço, talvez devido a alguma inexperiência nestas competições. Será difícil, mas Portugal, se respeitar Marrocos e for igual ao que tem sido, tem todas as condições para passar.
Poderia ser benéfico jogar Cancelo à esquerda?
-Quem jogar dará conta do recado. Seja o Raphael ou o Cancelo, quem jogar vai criar mais problemas a Marrocos do que ao contrário. Portugal sabe o que é entreajuda, tem havido muita neste Mundial. É preciso união.
Gonçalo Ramos está a surpreendê-lo? E como vê a situação de Ronaldo?
-A surpreender não direi... Estas coisas acontecem a quem trabalha para merecê-las e fico feliz por ver este clima de união à volta da Seleção. Quanto a Ronaldo, é normal, mas Portugal está recheado de craques mundiais e não podem jogar todos ao mesmo tempo. Pode custar mais a uns do que a outros, mas interessa é a equipa, Portugal, ganhar. É uma casa para mim, para a minha família. Com o Canadá fora, sou mais um adepto!
Que recordações guarda desta participação do Canadá no Mundial?
-Custa sempre perder, mas tenho a certeza que o Canadá sai mais forte do que entrou. Foi tudo uma novidade para nós, mas valeu pela coragem, pelo coração que demonstrámos. Chegámos aí e ninguém esperava que fizéssemos pressão alta. Tentámos correr atrás dessa felicidade. Mas houve momentos em que não o fizemos com a cabeça, foi mais com o coração. Valeu pela experiência. Não fomos ao Catar estacionar autocarros e aviões. Fomos correr atrás da felicidade e deixámos boa imagem.
"Marrocos parece que está a jogar na sua própria casa"
"Marrocos deixou de ser uma surpresa para as pessoas e começa a ser uma certeza. É preciso ter muito cuidado. É equipa que vive do coletivo, com jogadores agressivos e espírito de entreajuda forte. Parece que jogam em casa, têm imenso público no Catar. Cria-se um ambiente que serve o estilo deles e vivem muito essa paixão. Será complicado, mas Portugal não deixa de ser favorito. Estou confiante de que, com maior ou menor dificuldade, Portugal vai vencer", crê Steven Vitória.