No esquema, Gales não foge ao seu 5x3x2 que tenta estender quando pode em 3x5x2
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Gales não é uma potência do futebol europeu e esta sua chegada à meia-final do Euro era algo inacreditável para todos ante do início do Euro.
Em cada jogo, porém, soube perceber como tinha de jogar. Mesmo quando perdeu com a Inglaterra no seu jogo mais defensivo, em que fez um golo de livre e depois "entrincheirou-se" atrás toda a segunda parte para aguentar a vantagem, que perdeu no ultimo minuto (derrota 1-2).
O jogo onde teve uma melhor exibição defesa-ataque-defesa (a ordem não é arbitrária) foi contra a Bélgica, sobretudo quando o jogo subiu na dimensão física por incapacidade dos belgas em o perceber como jogar num plano mais tecnicista. É isto que Portugal não pode permitir. Que o jogo saia do "campo da técnica", que a bola passe a ser dividida em vez de jogada e conheça mais o ar do que a relva.
No esquema, Gales não foge ao seu 5x3x2 que tenta estender quando pode em 3x5x2 subindo os laterais, mas só faz esse desdobramento quando sente que o pode soltar sem se desequilibrar atrás. Na maioria do tempo, os laterais não sobem e neste jogo não terá as diagonais de rutura do seu "médio-caixa de velocidades de jogo", Ramsey.
King, Edwards ou Williams?
Sem Ramsey, a principal ameaça que vejo poder surgir é Gales "endurecer taticamente" o seu jogo no plano defensivo e baixar mais o bloco numa estratégia defensiva de querer tentar ganhar a eliminatória fechando-se atrás, atraindo Portugal, resistindo e tentando meter contra-ataques. Mais o tal Gales que jogou contra a Inglaterra do que o que, com outra desenvoltura tática, defrontou e bateu a Bélgica.
Se surgir Edwards no lugar de Ramsey, essa tendência será natural e o triângulo do meio-campo irá baixar para ficar mais curto e perto da "defesa a 5". Se jogar Andy King, será o oposto, e o duplo-pivô Ledley-Joe Allen pode manter-se, com King a tentar fazer muitos dos movimentos de Ramsey.
É apenas a questão de um jogador, mas, entre a opção de um ou de outro, estão duas diferentes ideias de Chris Coleman para a estratégia com que abordará o jogo.
Algo que também passará pelas características do ponta de lança. Uma coisa é ter Vokes de costas para aguentar a bola, outra é ter Robson-Kanu em movimento buscando espaços vazios de desmarcação, embora eu olhe para este jogo e me lembre como um avançado que não pára quieto um segundo, a pressionar e a correr (com e sem bola) como é Jonathan Williams pode ser chave. O resto são as bolas paradas, os bloqueios, o poder físico e o "peso pesado" Ashley William a cabecear.