"Project Big Picture" quer revolucionar a Premier League, mas tem oposição em Downing Street.
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Já chegou ao governo inglês e ao primeiro-ministro Boris Johnson a polémica e oposição ao "Project Big Picture" - que poderíamos traduzir por algo como "Projeto Quadro Geral" -, dado a conhecer no domingo na Imprensa inglesa e que pretende revolucionar a Premier League e o futebol inglês.
Impulsionado por Manchester United e Liverpool e com a concordância de Rick Parry, antigo diretor dos reds e hoje presidente da English Football League (EFL), que organiza o Championship e as League One e Two, o plano prevê radicais mudanças no plano competitivo e calendário, em particular da Premier League, mas também promete ajuda financeira aos clubes das divisões inferiores. Contudo, como ponto mais polémico está o reforço de poderes de nove clubes que integram a Premier League e que passariam a ter direitos especiais de voto.
Face às informações já conhecidas e depois de um comunicado anteontem emitido pela Direção da Premier League - demonstrando "desilusão" com Rick Parry e criticando o facto de esta discussão "não ter tido lugar nos canais próprios", impedindo "todos os clubes e acionistas de contribuírem" -, ontem um porta-voz oficial de Boris Johnson afirmou: "Os planos terão um impacto prejudicial em todo o jogo. É este tipo de acordos de bastidores que mina a confiança no futebol." Apelou ainda para que a "Premier League e a EFL continuem a trabalhar de forma construtiva para chegarem a um acordo que seja positivo para toda a família do futebol."
Várias coisas estão em causa com este projeto, nomeadamente o aliviar do calendário oficial dos clubes da Premier League, que ficaria reduzida a apenas 18 participantes, o que implicaria diminuir em dois os clubes das quatro ligas profissionais, dado que Championship, League One e Two contam cada um com 24 e não mudariam. Passariam também a descer apenas os dois últimos, tendo o 16.º classificado de jogar um play-off com uma equipa da II liga.
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Relevante ainda seria a abolição da Supertaça e da Taça da Liga. Financeiramente, acabariam os controversos "pagamentos paraquedas", que atribuem durante três anos uma percentagem das receitas de TV da Premier aos clubes despromovidos. Mas, por outro lado, face às dificuldades das equipas das divisões inferiores motivadas pela covid-19, a EFL seria recompensada com cerca de 325 M€ para um plano de resgate e ainda com a entrega, para distribuir entre os seus 72 clubes, de 25 por cento do valor de futuros direitos de televisão da I liga inglesa.
Maior foco de discórdia e polémica é a questão de redefinir a regra de um clube/um voto dentro da Premier League, que dá estatuto igual a todos e só permite alterações significativas dos regulamentos com dois terços dos votos, ou seja, 14 a favor. A nova proposta atribui "direitos especiais de voto", com base na longevidade na Premier League, a nove clubes: Liverpool, Manchester United e City, Arsenal, Chelsea, Tottenham, Everton, Southampton e West Ham (que já se opôs a esta ideia).