Peseiro analisa adversários na CAN e lembra: "O único jogo oficial que perdemos..."
José Peseiro confia numa Nigéria diferenciada pelo talento ofensivo
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A Nigéria, campeã em 1980, 1994 e 2013 e detentora de 15 pódios, está nos candidatos à conquista da 34.ª edição da Taça das Nações Africanas (CAN'2023) de futebol, que arranca no sábado, para o selecionador José Peseiro.
“Acho que está em aberto. Podem existir equipas mais favoritas: a Costa do Marfim, até porque joga em casa, bem como o Senegal e Marrocos, por aquilo que fizeram há muito pouco tempo. Depois, há aquelas que podem não ser tão favoritas, mas são candidatas: Nigéria, Egito, Gana, Camarões, Argélia e Tunísia, podendo estar ainda outras como a Guiné Equatorial ou o Mali”, antecipou à agência Lusa o técnico português, de 63 anos.
Presente na principal prova africana de seleções pela 20.ª ocasião, e terceira seguida, a Nigéria faz parte do Grupo A e mede forças com Guiné Equatorial, no domingo, a anfitriã Costa do Marfim, na quinta-feira, e Guiné-Bissau, em 22 de janeiro, sempre em Abidjan.
“Tudo depende daquilo que é a concentração, o foco e a determinação que os jogadores colocarão em campo. Há muita qualidade individual a ser absorvida para que se possam alcançar grandes coletivos. Muitas vezes, isso não tem a ver só com o treino - que não é muito nem usufrui de muitas condições - mas também com os laços relacionais e com os pontos de comunicação estabelecidos entre atletas, treinador e departamentos”, vincou.
Os dois primeiros colocados das seis poules e os quatro melhores terceiros rumam aos oitavos de final do torneio, que foi vencido pelo Senegal em 2022 e tinha sido adiado por um ano, face às condições climatéricas adversas na Costa do Marfim no início de 2023.
“Qualquer erro, um cartão vermelho ou uma jogada infeliz… Tanta coisa pode acontecer num torneio curto e fazer com que as melhores equipas não progridam. É para isso que temos de estar preparados e focados e já estamos concentrados. Se queremos vencer a CAN, temos de passar [à fase seguinte] e o grupo não é fácil. Será muito difícil”, admitiu.
José Peseiro destacou a importância do fator-casa da Costa do Marfim, sem esquecer “a qualidade de jogo e os jogadores” da campeã africana em 1992 e 2015, que convocou o defesa central Ousmane Diomande, do Sporting, atual líder isolado da I Liga portuguesa.
Quanto à Guiné Equatorial, do avançado Luís Asué, cedido pelo Braga B, da Liga 3, o selecionador nigeriano recordou a chegada aos "quartos" da edição anterior da CAN, ao contrário das super águias, que tinham perdido nos "oitavos" diante da Tunísia.
Peseiro vai ainda reencontrar a Guiné-Bissau, dos médios Nito Gomes (Marítimo) e Sori Mané (Académico de Viseu) e do dianteiro Famana Quizera (Académico de Viseu), todos da II Liga, após os "djurtus" terem terminado o Grupo A de qualificação na segunda posição, com 13 pontos, dois abaixo dos campeões continentais em 1980, 1994 e 2013.
“Nós somos melhores do que a Guiné-Bissau, mas o único jogo oficial que perdemos até hoje foi com eles em casa [0-1, para a terceira ronda]. É verdade que fomos superiores e criámos ocasiões, mas falhámos muitos golos”, lamentou o treinador coruchense, que já guiou Nacional, Sporting, Braga, FC Porto e Vitória de Guimarães na I Liga.
Sucessor de Augustine Eguavoen desde maio de 2022, José Peseiro sente que a ideia e organização de jogo da Nigéria “não é perfeita, mas tem qualidade e pode ombrear com quaisquer das melhores seleções africanas” numa prova “dura e de bastante igualdade”.
A 42.ª colocada do ranking da FIFA conta com o central Chidozie (Boavista) e os laterais esquerdos Bruno Onyemaechi (Boavista) e Zaidu (FC Porto), todos da I Liga, numa lista encimada pelo avançado Victor Osimhen, designado como melhor futebolista africano de 2023, num ano em que foi campeão italiano pelo Nápoles e melhor marcador da Serie A.