Em 1999, na Suécia, Agostinho Oliveira conduziu Portugal ao título com uma equipa de miúdos que não inspiravam especial expectativa. O ex-treinador do Tondela lembra-se do impacto.
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Se ganharem, já sabem o que os espera: a euforia dos adeptos, o protocolo e os afetos presidenciais. "O impacto é muito forte", diz quem, fez ontem 20 anos, venceu uma final semelhante à que os sub-19 de Portugal hoje têm pela frente, com a Espanha. Pepa, ex-treinador do Tondela, fala por "experiência própria", enriquecida por essas duas décadas de futebol que passaram desde o título de sub-18. O tempo ensina muito sobre esse impacto. De repente, quem ganha é herói e a voracidade com que se consome este tipo de personagens não olha à idade dos protagonistas. No futebol, os heróis de 18 anos de hoje são, muitas vezes, os desconhecidos de amanhã.
"Todos somos patriotas, temos um amor muito grande por este país" que inflama as vitórias. O que fica, depois, é um caminho tão duro como até aqui e, no caso dos jovens futebolistas, menos mediático. "Nem todos vão ter contratos chorudos, nem todos vão ter visibilidade. É preciso ter os pés bem assentes na terra", lembra Pepa. Acima de tudo, há que "saber lidar com a adversidade": "Cair, isso acontece a todos. O segredo é sabermo-nos levantar."
O impacto começa, contudo, no melhor dos ambientes, o relvado, e aí é só desfrutar, recorda: "Ser campeão europeu é uma marca muito forte: é para o resto da vida. Sabemos que é algo que não é só nosso. Pelo contrário. Não era o Pepa, o Cândido Costa, o Vasco Faísca. Era o nosso país. E ouvir A Portuguesa é tão bonito!" O que vier a seguir pede bom senso: "Cuidado com os amigos da onça, porque vão aparecer muitos. Mantenham-se com aqueles com quem estavam quando os holofotes estavam apagados."
De pé quando toca o hino
As memórias de uma final feliz com duas décadas não se apagam - "Era bonito alguém ter a iniciativa de juntar essa equipa. Talvez nos 25 anos", desafia Pepa - e no coração do ex-treinador do Tondela há energia para vibrar com os desafios das novas gerações. Hoje, garante, estará "colado à televisão", fiel aos rituais das seleções: "Quando tocar o hino, levanto-me." A quase seis mil quilómetros do palco da final do Europeu de sub-19 da Arménia, Pepa aposta tudo na "força do pensamento positivo": "Serei um dos milhões de portugueses que, à distância, estarão a torcer por esta equipa."