Pedro Gonçalves: "Angola nunca ganhara qualquer jogo a eliminar, chegar aos quartos..."
ENTREVISTA II - Após a CAN'2023, os Palancas levaram euforia a Angola, entre expectativas fervilhantes e horizontes de prosperidade. O selecionador Pedro Gonçalves deixou o futuro em aberto, comunicando uma missão cumprida. É aposta para conduzir a equipa ao próximo Mundial, mas responde com período de reflexão
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Pedro Gonçalves é taxativo sobre o sucesso obtido por Angola na Costa do Marfim, palco da CAN'2023. “Em função do ponto de partida fomos muito além. Já em função da leitura do nosso potencial, correspondeu às expectativas. No início do estágio o lema era fazer o que nunca foi feito. Primeiro era ganhar o primeiro jogo, depois somar duas vitórias. Ganhando dois jogos chegaríamos à fase a eliminar, importante para o nosso crescimento. Como Angola nunca ganhara qualquer jogo a eliminar, chegar aos quartos já era fazer história. Sobrava só alcançar a imortalidade, ganhando a competição. Ficámos pelos quartos, mas foram superadas várias metas. Da partida à chegada evoluímos imenso. Éramos a terceira seleção menos cotada das 24. Atrás só estavam Gâmbia e Tanzânia.”
Além dos resultados, as celebrações dos golos angolanos, muito por conta de Mabululu, ajudaram nessa propaganda extra da febre da prova. “É um pouco aquilo que queremos espelhar, a alegria da sociedade angolana, extrovertida, emocional. O angolano extravasa toda a sua essência rítmica. Fomos uma equipa genuína a oferecer a sua energia e alegria contagiante. Fico satisfeito, foi algo muito cultivado entre nós. Os jogadores exteriorizaram o seu talento, as suas virtudes e a sua essência”, elogia, ciente do protagonismo de Dala (4 golos) e Mabululu (3): “Os da frente evidenciaram-se, mas foram a extensão da seleção. Confesso que fiquei muito feliz por todos, mais pelo Mabululu, pelo seu caráter inexcedível, pois nem sempre foi utilizado, outras vezes nem convocado foi, mas nunca mudou o comportamento, caráter e postura.”
Pedro Gonçalves acredita que as bases estão lançadas para uma seleção coesa no futuro. “Procurei equilibrar a seleção com várias gerações que se encadeassem no crescimento desportivo. Acima dos 30, só temos Fredy (na foto), Mabululu e Buatu. Quisemos essa interligação geracional. Lancei o desafio aos mais velhos, a Fredy, Dala e Mabululu, que lhes faltava um ponto alto, um reconhecimento, ao nível da seleção. Desafiei-os para viverem nesta prova o apogeu das suas carreiras. E para os mais novos, pedi que representasse uma janela de oportunidade.”