Entrevista de fundo do português que treina o Bordéus
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O maior jornal desportivo francês apresenta esta sexta-feira um perfil de Paulo Sousa em forma de entrevista, comprovando assim as expectativas existentes naquele país em relação ao trabalho do treinador no Bordéus, onde chegou no dia 8 de março, tendo efetuado apenas uma partida: um empate caseiro a uma bola diante do Rennes.
Ao L'Équipe, Sousa abre as portas da sua metodologia, explicando, por exemplo, um dos segredos táticos que utiliza para procurar criar desequilíbrios nas equipas adversárias.
"Gosto que as minhas equipas controlem o jogo com a posse da bola. Sou um treinador que corre riscos e gosto de ter jogadores que também corram riscos. Por exemplo, às vezes coloco extremos a jogar por dentro de forma a apresentar algo de diferente num setor onde, normalmente, os adversários têm um sólido bloco defensivo", desvenda.
O técnico regressou também ao seu passado pessoal para justificar a sua opinião quanto ao papel que um médio-centro deve ter numa equipa.
"Eu comecei a jogar nas alas, depois fui avançado e depois segundo avançado. Até que, no meu primeiro ano de profissional, o Sven-Goran Eriksson deu--me a oportunidade de jogar no meio-campo. Eu podia ter dito que não. Mas compreendi que dessa forma teria a oportunidade de jogar e, ao mesmo tempo, de me desenvolver. Os médios, na minha opinião, são fulcrais: sabem defender e sabem atacar, que são os dois principais momentos do jogo. Precisam de ter uma visão periférica e de saber comunicar com os companheiros de equipa", disse.
Sobre o Bordéus, explica que este é um projeto de fundo e não com o simples objetivo de obter resultados a curto prazo: "Para já o mais importante é desenvolver os valores da equipa e dar uma identidade aos jogadores. O projeto é ambicioso. Eles querem dar-me a possibilidade, e o tempo, de construir qualquer coisa. E não falo apenas de dinheiro, uma vez que o clube não vai gastar 60 ou 70 milhões em transferências como outros clubes. Nós vamos construir."