Paulo Fonseca: "Se temos um problema, estou-me a cagar para os nomes dos jogadores"
Treinador do Milan não poupou nas palavras, falando ainda da derrota contra a Fiorentina na última partida antes da paragem para as seleções. O português não gostou que não tivesse sido Pulisic a bater os penáltis naquele duelo (ambos falhados) e falou disso no balneário
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Paulo Fonseca assumiu esta sexta-feira que ficou extremamente irritado após a derrota (2-1) com a Fiorentina, a 6 de outubro, antes da paragem para as seleções. Nesse jogo, o Milan falhou dois penáltis, batidos por jogadores que não o deveriam ter feito, pois não estavam no topo da hierarquia de batedores de penáltis [Pulisic é quem assume as grandes penalidades]. Depois do jogo, o treinador do Milan mostrou o seu enorme desagrado e hoje voltou a comentar o tema, já fazendo a antevisão ao duelo com a Udinese (sábado, 17h00).
"O primeiro dia [após o jogo da semana passada] foi muito bom. Não vi ninguém. Estava zangado, e não gosto de ver pessoas quando estou zangado. Trabalhámos com os rapazes da equipa B. Os jogadores internacionais regressaram ontem. Depois falámos sobre o jogo com a Fiorentina e começámos a preparar-nos para a Udinese", explicou, falando depois da conversa que teve com os jogadores. "Disse tudo o que podem pensar. É normal depois do que aconteceu. Não fecho os olhos perante os problemas. Enfrento os problemas e olho para toda a gente nos olhos. Digo o que penso dentro do balneário, cara a cara. Se temos um problema, estou-me a cagar para os nomes dos jogadores. O que é importante na liderança é não olhar para outro lado quando há um problema. É o que eu faço - diretamente, com a equipa ou com os jogadores que cometeram um erro", apontou.
"O que é importante é o espírito de equipa. Nada é mais importante do que o Milan e temos de assumir a responsabilidade quando cometemos erros. É difícil para mim se alguém não tiver espírito de equipa. Vamos ver o que acontece amanhã. Não tenho nada a provar. Não sou um ator. É assim que eu sou. Sou assim desde o primeiro dia. Perguntem-no aos jogadores", atirou ainda, falando da adaptação ao clube italiano: "É sempre difícil mudar. Estamos a mudar e tenho de perceber que é uma grande mudança e tenho de ser mais paciente. Precisamos de tempo para mudar. Começamos a ver alguma coisa e temos de continuar. Não temos muito tempo para treinar e melhorar naquilo que acho que devemos melhorar."
De recordar que o capitão Theo Hernández vai ser multado pelo Milan pelo que aconteceu na derrota com a Fiorentina.
Faltou agressividade: "Está tudo ligado. Acham que perdemos com a Fiorentina por um problema tático? Para mim, foi mais do que isso. Acho que não tivemos vontade de correr mais do que a Fiorentina na primeira parte. Isso faz parte da mentalidade. Podemos trabalhar em tudo, mas, para mim, o mais importante é que não fomos suficientemente agressivos. Tínhamos que correr mais do que os adversários, e não o fizemos."
Liderança no balneário: "Quando cheguei, o Milan já tinha três capitães. Calabria, Theo e Rafa, porque são os jogadores com mais jogos no Milan. Posso concordar ou não com isso, mas respeito. Penso que esta equipa precisa de mais liderança dentro do balneário. Precisamos de outras pessoas que possam ajudar esses jogadores em termos de liderança. Um líder não é apenas quem tem a braçadeira, é muito mais do que isso, e precisamos dessa liderança. Penso que temos outros jogadores que podem ajudar."
Como está a ser a experiência no Milan? "Ser treinador, não só aqui mas em todas as equipas, nem sempre é emocionante. Temos momentos diferentes. É difícil sorrir a toda a hora a este nível. Uma coisa eu sei. Trago sempre a minha paixão para aqui, todos os dias. Adoro o que faço, mas por vezes também é difícil para as nossas famílias. Tenho muitos momentos difíceis e outros de que gosto muito. Sendo treinador a este nível, não é fácil ser a pessoa mais feliz do mundo. Mesmo nos momentos difíceis, quando resolvemos um problema, esse é um momento feliz. Os treinadores a este nível têm problemas todos os dias."