Arrigo Sacchi deixou duras críticas para a direção do Milan, culpando-a por uma época para esquecer
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Arrigo Sacchi, histórico ex-treinador que venceu duas Ligas dos Campeões seguidas e uma Serie A pelo Milan, culpou esta sexta-feira a direção dos “rossoneri” por uma época para esquecer, em que o único motivo para sorrir foi a conquista da Supertaça de Itália.
Depois da derrota da formação liderada por Sérgio Conceição na final da Taça de Itália (0-1), frente ao Bolonha, Sacchi considerou que o técnico português é o “menos culpado” da situação que vivem os “rossoneri”, preferindo apontar o dedo aos diretores que escolheram o seu antecessor e compatriota, Paulo Fonseca, atualmente no Lyon, para assumir o banco da equipa no verão passado.
“A escolha do treinador é fundamental, porque deve estar em sintonia com os programas do clube. O Milan, pelo contrário, pensou primeiro em ir buscar um, Lopetegui, e depois, como os adeptos ficaram zangados porque ele não estava à altura do clube, voltou-se para o português Fonseca. Os dirigentes que fizeram esta escolha cometeram um erro grave e, a meio da época, acharam melhor voltar atrás na decisão e entregar o banco a Conceição, que é o menos culpado de todos, porque se viu a trabalhar num caos geral. No fim, é ele quem vai pagar. Como é que se resolvem as coisas se no topo estão sempre as mesmas pessoas, que cometeram erros no início da época?”, atirou, na coluna de opinião que detém na “Gazzetta dello Sport”.
O ex-técnico italiano também questionou a política de contratações do Milan para esta época, suspeitando que o clube não mantém os mesmos padrões de exigência que tinha na sua altura.
“Quando se compra jogadores, é preciso muito cuidado, senão corre-se o risco de gastar muito dinheiro e ter elementos que não contribuem para a causa. Quando cheguei ao Milan, contratei jogadores que vinham da Serie B e da Serie C e deixei um que estava na seleção nacional em casa, porque não se comportava como um profissional. Berlusconi [ex-presidente] apoiou-me e defendeu-me. Antes de comprar Rijkaard, mandei um homem da minha confiança segui-lo durante os treinos: no relatório estava escrito o que ele comia, a que horas se levantava e quem eram os seus amigos. Será que agora se fazem estas coisas? Parece que não, a julgar pelo que se vê no terreno. Depois, cometem-se erros e há que os corrigir, porque ver o Milan continuar em tão mau estado, para um apaixonado como eu, é realmente insuportável", desabafou.
A duas jornadas do fim da Serie A, o Milan segue no oitavo lugar e visita a Roma (sexta) no domingo (19h45), estando a três pontos dos postos europeus.