Papa Francisco sobre Maradona: "Poeta no campo, mas um homem muito frágil"
Líder da Igreja católica, numa entrevista à Gazzetta dello Sport, relembrou o antigo futebolista argentino, que conheceu pessoalmente em 2014, e a altura em que a Argentina foi campeã mundial no México, em 1986
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O Papa Francisco, num registo pouco comum, concedeu recentemente uma entrevista ao jornal italiano desportivo Gazzetta dello Sport, na qual se referiu ao malogrado e compatriota ex-futebolista Diego Armando Maradona, falecido em novembro passado.
O líder argentino da Igreja católica, que privou várias vezes com Maradona, revelou a ocasião em que conheceu pessoalmente El Dios, elogiou a intervenção social feita pelo próprio e ainda descreveu a sua distinta personalidade dentro e fora das quatro linhas.
"Conheci Maradona por ocasião de um jogo pela Paz em 2014 [jogo de beneficência realizado em Roma]. Lembro-me com prazer de tudo o que Diego fez pelas Scholas Occurrentes, a fundação que cuida dos mais necessitados de todo o mundo. Em campo foi um poeta, um grande campeão que deu alegria a milhões de pessoas, tanto na Argentina como em Nápoles. Ele era também um homem muito frágil", referiu Francisco.
O Papa reviveu, na mesma entrevista à Gazzetta dello Sport, a altura em que descobriu que a seleção da Argentina se sagrou campeã mundial pela segunda vez na história, em 1986, com lastros de genialidade de Maradona, eleito o melhor jogador do torneio da FIFA.
"Tenho uma memória pessoal ligada ao Campeonato Mundial de 1986, que a Argentina ganhou graças a Maradona. Eu estava em Frankfurt, num momento difícil para mim, porque estava a estudar a língua [alemã] e a recolher material para a minha tese. Não tinha conseguido ver a final do Campeonato do Mundo e só soube o resultado no dia seguinte à vitória da Argentina sobre a Alemanha, quando uma rapariga japonesa escreveu 'Viva Argentina' no quadro negro durante uma lição alemã", contou.
O Papa Francisco, um entusiasta e fã da equipa argentina de futebol do San Lorenzo, foi ainda desafiado pela publicação italiana a expressar um desejo para o ano de 2021 e optou por recorrer a uma espécie de lema associado à prática desportiva para se aplicar à vida em geral.
"É muito simples, digo-o com as palavras que escreveram numa t-shirt que me deram: 'É melhor uma derrota limpa do que uma vitória suja'. Desejo-o a todos e não apenas ao mundo do desporto. É a forma mais bela de jogar a vida com a cabeça erguida. Reze por mim, por favor: para que eu não pare de treinar com Deus", declarou o líder do Vaticano.