Emmanuel Más, antigo lateral do San Lorenzo, da equipa que venceu a Libertadores em 2014 e levou o troféu ao Vaticano. Falou ao JOGO dos sentimentos para com o Papa que mais se rendeu de amores ao futebol
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A morte do Papa Francisco gerou consternação em todos os quadrantes, tomando a forma de perda muito sentida dentro da comunidade mais futebolística, conhecida que era a sua proximidade ao jogo, à paixão de criança que sempre o fez um indefetível do San Lorenzo. Desde os tempos de Rene Pontoni, em 1946, protagonista do primeiro título do conjunto de Almagro, em Buenos Aires. A reputação do 'Ciclón' nessa época chegou à Europa com uma digressão por Espanha e Portugal, ficando célebre triunfo por 9-4, no Campo do Lima, frente ao FC Porto, com hat-trick de Pontoni. Jorge Bergoglio encantava-se nos seus 10 com esta máquina de futebol e nunca desgrudou da equipa do coração, até porque o pai também foi jogador de basquetebol no emblema de Boedo. Cobriu-se, mesmo assim, de momentos mais terapêuticos em que procurou deixar de ser espetador pela televisão, talvez por conta dos nevos. Mas pedia, em pleno Vaticano, que o informassem dos resultados.
A subida a Sumo Pontífice em 2013 deu maior foco e tendência a este seu amor, nunca escondido ou diminuído em razão das responsabilidades como figura suprema da Igreja Católica. Curiosamente, mal foi ordenado Papa, viu o seu San Lorenzo ser campeão e, imediatamente, conquistador de forma inédita da Libertadores, em 2014. Efeito Francisco, toque divino, ficam como receitas ao gosto das crenças, mas, realmente, no seu palco sagrado, recebeu uma delegação San Lorenzo e esse encontro pode ter abençoado o sucesso da equipa que venceu o Cruzeiro na final da Libertadores, dispondo da condução magistral de Leandro Romagnoli, que havia passado pelo Sporting.
Emmanuel Más era o lateral-esquerdo do San Lorenzo nesse período. O atual jogador do Juventud, do Uruguai, relata a relação que descortinou.
"Conseguimos recordá-lo mais do que nunca quando estivemos com ele, sentindo como era adepto do clube. A partir daí era usual brincarmos e falarmos que tínhamos uma ajuda divina quando tínhamos que jogar a Libertadores. Depois, essa temporada de 2014, resulta tão especial para toda a gente afeta ao San Lorenzo e para ele também, porque o troféu veio para nós. É algo lindo de recordar", expressa Más. "Vendo agora o seu falecimento, foi uma notícia muito triste porque era, de facto, muito chegado ao clube. Dessa equipa de 2014, por tudo o que conseguimos viver e conquistar, cada um de nós dizia que ia visitá-lo. A qualquer adepto do San Lorenzo ele abria a porta com carinho e brindava-te com algum comentário muito especial", recua o lateral-esquerdo, admitindo um "impacto grande", pela morte do Papa Francisco aos 88 anos, número também exposto no seu cartão de sócio dos 'cuervos'. "O seu falecimento surge com essa particularidade da idade, há um conjunto de coincidências que sempre empurram para essa relação dele com o clube. E, de facto, era alguém que vivia com paixão o San Lorenzo, ficava contente pelas nossas vitórias, dava alento e mandava mensagens aos jogadores, no sentido de nos sentirmos acompanhados. E que também rezava por nós. Para mim, foi uma perda difícil e uma dor grande."