Outra Superliga em equação: "Futebol europeu precisa desesperadamente de reformas"
Clima de divórcio entre UEFA e Andrea Agnelli ficou mais uma vez patente.
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O clima de divórcio entre UEFA e Andrea Agnelli ficou mais uma vez patente. Ontem, quinta-feira, no fórum "Negócio do futebol", organizado pelo "Financial Times", em Londres, houve troca de acusações relacionadas com a Superliga Europeia, projeto que permanece "vivo", segundo o presidente da Juventus.
Sem abordar as eventuais reformulações na competição, Agnelli garantiu que "a Superliga não falhou". A possibilidade de avançar com um novo modelo foi apontada pelo diário "La Gazzetta dello Sport", dando conta da intenção de haver duas séries com 20 equipas cada uma, existindo "subidas e descidas", à semelhança do que acontece na Liga das Nações. Sem admissão por convite, a ideia passaria por uma competição aberta, cujos moldes de acesso e participação dos clubes está por definir.
"A UEFA sabia que, como presidente da Juventus, estava a trabalhar em algo diferente. Foi um trabalho coletivo de 12 clubes e desses, 11 ainda estão vinculados ao contrato assinado (o Inter terá saído ao abrigo de uma cláusula específica). O futebol europeu precisa desesperadamente de reformas e a Superliga não falhou", disse Agnelli, líder da Juventus, entidade fundadora da proposta, como Barcelona ou Real Madrid, os únicos resistentes, tendo em contas as sucessivas desistências de Milan, Arsenal, Atlético Madrid, Chelsea, Inter, Liverpool, Manchester City, Manchester United e Tottenham.
Antes da intervenção de Agnelli, já o presidente da UEFA recusara paralelismos com a Superliga e as mudanças previstas nas provas europeias a partir de 2024. "O calendário está sobrecarregado e os jogadores sofrem. As equipas querem jogar muitos jogos e não é problema da UEFA, mas do futebol em geral. Isso preocupa-nos", disse, com críticas redobradas ao projeto da Superliga. "Lançaram este absurdo no meio de uma pandemia. Agora, lemos que planeiam relançar a ideia durante uma guerra. Obviamente, vivem num mundo paralelo. Os clubes são livres de criar a sua própria competição, mas não esperem competir nas provas da UEFA. Esta é uma ideia sem sentido e um dos criadores do projeto ligou-me para pedir desculpa", revelou Ceferin. Apelando a uma "governação transparente", Agnelli ripostou. "A UEFA é um organismo regulador e monopolista. Se deve ser dissolvida? Vou esperar que o Conselho Europeu de Justiça nos diga se o atual órgão é adequado", atirou, deixando Javier Tebas sem resposta, depois de fortes acusações por parte do presidente da liga espanhola. "Há uma semana houve uma reunião na casa de Agnelli para falar da Superliga, uma liga continental de duas categorias, onde os campeonatos nacionais servem como eliminatórias para este torneio, mas os grandes clubes vão estar presentes de qualquer forma. Eles mentem mais que Putin. A Superliga vai afetar as competições nacionais", condenou.
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