"Os treinadores estrangeiros estão mais preparados do que os brasileiros"
Ronaldo Nazário, presidente do Cruzeiro e do Valladolid, utilizou o caso de Vinícius Júnior para defender que o futebol brasileiro não prepara os jogadores para a elite na Europa.
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Ronaldo Nazário, antigo avançado brasileiro e atual presidente do Cruzeiro e do Valladolid, despromovido na última época à segunda divisão espanhola, defendeu esta sexta-feira que o futebol do seu país não prepara os jovens para a elite na Europa, utilizando o exemplo de Vinícius Júnior.
O extremo canarinho, de 22 anos, trocou o Flamengo pelo Real Madrid em 2018, por 45 milhões de euros, com Ronaldo a salientar que, quando chegou ao clube, Vini Jr. "não era um jogador refinado".
"Durante muitos anos, os talentos que saíram [do Brasil] eram, em muitos casos, brutos. Um caso muito claro é o de Vinícius Jr. Ele foi vendido ao Real Madrid com 18 anos e jogou na equipa B. [Nessa altura] Via-se que não era um jogador refinado, ao ponto de que toda a gente dizia que seria emprestado ou até que regressaria ao Brasil", recordou, em declarações ao podcast "Mano a Mano".
"Ele melhorou com programas de formação, metodologia e com a ajuda de grandes profissionais. Ele passou de água a vinho em dois anos. E atualmente é o jogador mais decisivo do futebol mundial. Quando chegou, não sabia controlar uma bola com o pé esquerdo. O Flamengo não o preparou da forma correta, porque não lhe melhoraram a perna esquerda, os fundamentos técnicos, a sua relação de tempo e espaço no campo. Só melhorou fora [do Brasil]", completou.
Apesar disso, Ronaldo acredita que a qualidade dos programas de formação brasileiros venha a melhorar nos próximos anos, dizendo que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) tem apostado bastante nessa vertente.
"O Brasil vai dar um salto de qualidade nos próximos cinco ou seis anos. Começámos com cursos de coaching, cursos de metodologia e a CBF investiu muito nisso. É algo de que não se fala muito, mas isto vai mudar o nível do futebol brasileiro, tanto na formação de treinadores como na metodologia e nos programas de formação", referiu.
Em jeito de conclusão, Ronaldo destacou a necessidade de existir influência europeia para que os programas de formação do país evoluam, elogiando a crescente chegada de treinadores estrangeiros ao Brasileirão.
"Temos na Série A dez treinadores estrangeiros. Eles estão mais preparados do que os brasileiros. Sei que me vão criticar por isto, porque vão pensar que não tenho patriotismo e prefiro os estrangeiros, mas isso não é tudo. Há que contratar os melhores e há brasileiros preparados, mas também são muito caros", refletiu.
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