Os "reis da Europa" estão no sul: depois de Portugal, Itália vinca hegemonia
A tendência é clara: todos os Europeus do século XXI foram ganhos por seleções meridionais.
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O futebol é um jogo simples: 22 jogadores correm atrás de uma bola durante 90 minutos e, no fim... ganham os países do sul da Europa.
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Esta é uma espécie de versão atualizada da famosa frase que Gary Lineker tinha inventado no século passado para descrever a tradicional dominação da Alemanha no futebol de seleções. Agora, no entanto, os germânicos vencem menos os grandes torneios. São os portugueses, espanhóis, gregos, franceses e italianos que vão armazenando os principais títulos do futebol de seleções, nomeadamente os Campeonatos da Europa, como agora aconteceu mais uma vez, com o desplante de um triunfo transalpino, em plena "catedral" de Wembley.
Desde o início do século XXI, todas as seis edições dos Campeonatos da Europa foram vencidas pelas citadas nações do sul da Europa ou da costa mediterrânica. Começando pela França no ano 2000 e prosseguindo com a Grécia (2004), Espanha (2008 e 2012), Portugal (2016) e agora a Itália (2020). A partir da viragem do século, nem um breve intervalo foi concedido aos financeiramente (e até então futebolisticamente) mais poderosos países do Norte.
E utilizamos aqui a linguagem económica porque, precisamente, foi para descrever este conjunto de países que, pelos últimos anos da primeira década do século (em plena austeridade financeira que bem se notou em Portugal), foi inventado e adotado por alguns jornais ingleses o acrónimo PIIGS, num trocadilho com a palavra pigs (porcos): P de Portugal, I de Itália, outro I de Irlanda, G de Grécia e S de Espanha (Spain). Pois bem, descontando os irlandeses, um pouco deslocados nestas contas, quem manda hoje no "planeta futebol" são esses mesmos PIGS.
Em 11 das últimas 13 edições dos principais torneios de seleções saíram vencedores países do sul da Europa ou da costa mediterrânica
Aliás, para vincarmos ainda mais este domínio dos países do sul ou do Mediterrâneo, acrescentemos que, das seis finais nos torneios citados, apenas duas não foram totalmente disputadas por seleções representantes de nações deste núcleo geográfico: depois da Alemanha ser finalista vencida no Europeu de 2008, agora foi a vez da Inglaterra ser derrotada no jogo decisivo, mas, em todas as outras quatro edições deste século XXI, França, Portugal e Itália (duas vezes) foram os restantes finalistas vencidos, a acentuar ainda mais um domínio que não passa despercebido.
Não se pense, apesar de tudo, que este domínio meridional tem sido exclusivo dos campeonatos europeus. É que, também na principal prova de âmbito planetário tem sido notória idêntica tendência, uma vez que, em quatro das seis últimas edições realizadas, acabaram por ser seleções dos países citados a levantar o principal troféu: assim aconteceu com a França ainda no século XX, em 1998, e depois em 2018 (no último realizado), com a Itália em 2006 e com a espanhola Roja em 2010, no Mundial da África do Sul.
Nesta competição intercontinental, a hegemonia apenas foi quebrada pelo Brasil na primeira final do século XXI, em 2002, e pela Alemanha em 2014, esta como exceção à regra de que já não faz qualquer sentido a frase de Lineker. Outro século, outros tempos. O futebol já não é o que era.
Portugal Liga das Nações veio confirmar a regra
Foi Portugal o primeiro e único vencedor da Liga das Nações, prova estreada em 2018 que até agora só teve uma edição. Mais um troféu para os países do sul da Europa que, acrescentando Europeus e Mundiais, venceram 11 em 13 edições. Um domínio esmagador que pode ter continuação na segunda Liga das Nações, com final a 10 de outubro. Itália, Espanha, Bélgica e França estão nas meias-finais.