"Os jovens, normalmente, gostam de adornos, o João Félix recebia a bola e era golo"

Rui Vitória partilhou um pouco da experiência que tem enquanto treinador no The Coaches Voice e falou, naturalmente, da passagem pelo Benfica. Nesse tempo, cruzou-se com João Félix - que viria a assumir um maior protagonismo na equipa principal pela mão de Bruno Lage -, um "talento daqueles raros de se ver nos jovens".

O novo técnico do Spartak Moscovo elogia o avançado do Atlético de Madrid explica o que via de diferente no jovem.

"Tive a oportunidade de lançar alguns jogadores da formação do Benfica. Era um desejo do clube que coincidia com a minha vontade. Decidimos em conjunto que era a hora de arriscar, de colocar cinco ou seis jovens em ação. E é preciso haver sintonia nessas decisões. Não adianta só o clube querer. Ou só o treinador. É preciso partilhar a mesma visão. Assim sendo, jogadores como o João Félix e o Renato Sanches, entre outros, passaram a ter mais protagonismo. No caso do João, pouca gente sabe de todo o trabalho feito na sua formação. No ano anterior aquele em que integrou a equipa principal, decidimos que ele jogaria a fase final do campeonato dos juniores. O João estava na equipa B, mas optámos por colocá-lo na fase final da competição de juniores. Queríamos dar um último retoque antes que se afirmasse na equipa profissional. Acabou por ser o melhor marcador daquela fase, com o Benfica a ser campeão nacional da categoria", recordou Rui Vitória.

"O talento do João Félix é daqueles raros de se ver nos jovens. Ele toma decisões de forma rápida e eficiente. Eficiência é fazer as coisas bem feitas com o menor gasto possível de energia. O João nunca foi de perder tempo. Tem a capacidade de encontrar a melhor solução para a jogada com muita maturidade. Os jovens, normalmente, gostam de adornos. Querem colocar o laço no embrulho. O João recebia a bola e pronto: golo. Mas ele só veio a ganhar um grande protagonismo depois de eu sair do Benfica. Já com o Bruno Lage no comando. Para mim, o João rende melhor no corredor central. E nós estávamos a jogar num 4x3x3 bem definido: com um trinco, dois médios, dois extremos e um avançado centro. Tinhamos mudado o sistema no início da temporada. Quando saí, o novo treinador mudou novamente o sistema, que acabou por ser ideal para tirar o melhor do João Félix", acrescentou.