Christophe Galtier abordou, numa longa entrevista ao "L'Équipe", um dos momentos mais difíceis da sua vida. Falou, ainda, do trio Messi, Mbappé e Neymar, que orientou no PSG.
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Christophe Galtier, atualmente ao leme do Al Duhail, do Catar, recordou, numa longa entrevista ao "L'Équipe", um dos momentos mais difíceis da sua vida: quando treinava o Nice, o treinador foi acusado de racismo.
"O racismo e a discriminação não fazem parte do meu software, porque cresci num ambiente multicultural e evoluí ao longo da minha carreira. Foi um verdadeiro choque ter sido levado a tribunal. Fui vítima de uma vingança. Esta tese de vingança não é minha, está expressa na decisão do tribunal. Foi uma infâmia. A justiça declarou a minha inocência. É por isso que estou feliz. As acusações contra mim não faziam sentido", afirmou o técnico francês, que foi absolvido das acusações em dezembro passado.
O treinador, de 57 anos, falou, ainda, sobre as três "superestrelas" que orientou no Paris Saint-Germain: Lionel Messi, Kylian Mbappé e Neymar.
"Os três tinham de participar e jogar juntos. Essa era a minha obsessão. Acho que não voltaremos a ver isso em França. Estavam a jogar muito bem, tanto em termos de jogo como de empenho, mas perdemos o Neymar (lesionou-se)", lembrou.
Sobre o modo como lida com este tipo de jogadores, Christophe Galtier disse o seguinte: "A gestão é diferente. As discussões têm lugar num gabinete, cara a cara. São muito individuais. Com estes jogadores extraordinários, a mais pequena reação, o mais pequeno olhar, um sorriso inoportuno, uma piscadela de olho ou um gesto assumem proporções internacionais e globais. Um exemplo: no nosso primeiro jogo da Liga dos Campeões contra a Juventus, ganhámos e senti que tinha de tirar o Messi no final do jogo, não para melhorar ninguém nem nada, mas para o proteger fisicamente. Pareceu-me uma decisão lógica. Depois do jogo, todos me disseram que era a primeira vez que o Messi saía de campo num jogo da Liga dos Campeões (referindo-se aos jogos com o PSG). É aí que se percebe e se confirma que se está a treinar jogadores que são muito mais do que jogadores. Quando comecei a treiná-los, disse para mim próprio: o que é que estes tipos têm que as pessoas normais não têm? Eles não têm nada. Só temos de os apoiar", apontou.
Apesar de serem ícones mundiais, Christophe Galtier garante que Lionel Messi, Kylian Mbappé e Neymar não têm egos exagerados. "São normais, simples, acessíveis, profissionais e abertos à discussão", descreveu.