"O que o mundo inteiro vê, um árbitro e dois VAR não podem deixar de ver"
Chefe de arbitragem em Espanha visou a atuação da equipa que apitou o Espanhol-Real Madrid, que motivou um comunicado dos "merengues" a denunciar "ações escandalosas"
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Luis Medina Cantalejo, presidente do Comité Técnico de Árbitros (CTA) da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), reagiu esta quarta-feira ao comunicado que o Real Madrid lançou após a derrota sofrida em casa do Espanhol (0-1), na LaLiga, no qual os “merengues” denunciaram “ações escandalosas de arbitragem”.
Essa denúncia foi escrita com base num golo anulado a Vinícius Júnior e num lance em que Kylian Mbappé sofreu uma entrada de Carlos Romero, defesa que viu cartão amarelo pela falta, escapando a expulsão e acabando por marcar o único golo da partida aos 85 minutos.
Em reação, o chefe de arbitragem começou por negar que os árbitros espanhóis sejam “corruptos”, isto depois de Muniz Ruiz e o VAR Iglesias Villanueva, que estiveram nessa partida entre catalães e madridistas, juntamente com mais três outros juízes, terem sido afastados pelo CTA.
“Eu não tenho nada por que me envergonhar. Nem os meus companheiros nem eu somos corruptos. Podemos ser muito desastrados, ser muitos maus, mas corruptos garante-te que não. Os árbitros não vão prejudicar ninguém. Apesar do que digam os comunicados, cartas ou televisões, somos honrados. Ninguém vai para o campo com ideias de prejudicar alguém”, vincou, em declarações ao programa “El Cafelito”.
Ainda assim, Cantalejo assumiu, com base no tal lance em que o Real Madrid reclamou expulsão frente ao Espanhol, que a decisão do árbitro em não mostrar cartão vermelho a Romero, suportada pelo VAR, foi incompreensível.
“O que o mundo inteiro vê, um árbitro e dois VAR não podem deixar de ver. Tenho muito claro o que aconteceu, todo o mundo viu, ainda que não me refira só à ação de Mbappé. Quando algo é preto e branco e o branco é óbvio e o árbitro opta pelo preto, não posso dar uma explicação”, lamentou.
De resto, Cantalejo também abriu a porta a que o áudio da equipa de arbitragem desse jogo seja divulgado pelo CTA, algo também pedido pelo Real Madrid em comunicado.
“Qualquer equipa, de forma respeitosa, pode ir a nossa casa e ali vemos, mas agora a situação é complicada. É melhor que se pacifique tudo um pouco e, a partir daí, poderemos ver-nos. Agora as águas estão mexidas e o melhor é que nos acalmemos e, em algum momento, sentar-nos-emos a falar e estudaremos a situação”, concluiu.
Estas declarações surgem numa altura em que existe um clima de grande tensão entre os árbitros espanhóis, tendo por base as últimas críticas públicas de figuras ligadas ao Real Madrid, mas também ao Atlético de Madrid, e ainda à onda de castigos do CTA e à ténue reação da RFEF ao comunicado dos “merengues”.