"O que fez Villas-Boas? Ofereceu a bola numa bandeja de prata embelezada com uma fita"
André Villas-Boas e Paulo Sousa lideram o segundo e o terceiro classificados da Ligue e os seus méritos têm sido reconhecidos em França
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André Villas-Boas e Paulo Sousa têm sido apontados em França como os principais responsáveis pelas surpreendentes campanhas de Marselha e Bordéus na liga. Ambos estão no pódio: o Olympique é segundo, com 31 pontos, seguindo-se os girondinos, com 26. Para cada um deles, trata-se da terceira melhor pontuação dos últimos dez anos.
Genericamente, os bons resultados de cada um dos treinadores têm sido exaltados. Raphael Noet, autor do livro "Os 400 melhores jogadores da história", afirma, a partir do sucesso desta dupla: "Os portugueses têm maior reflexão sobre o jogo. E, desde sempre, privilegiam a técnica à força. Para além disso, tentam ir mais longe na análise, no conteúdo dos treinos ou na preparação física."
Os méritos de Villas-Boas, em particular, foram enaltecidos, nomeadamente pela nuance tática que resultou na vitória de anteontem por 2-0. "AVB estudou bem o Angers, que é a equipa da liga com menor percentagem de posse de bola. Ora, se o Angers não gosta de ter a bola, o que AVB fez foi oferecê-la, numa bandeja de prata embelezada com uma fita a toda a volta", explicou o "L"Équipe" após novo triunfo do Marselha. Resultou, como nos jogos anteriores. Villas-Boas tem sido um mestre "a adaptar a tática consoante o adversário" e esse é "um dos principais segredos", conforme destaca o "Ouest-France". "O plano de Villas-Boas foi perfeito", escreveu, por sua vez, o "Le Phocéen".
"Os portugueses têm maior reflexão sobre o jogo. E, desde sempre, privilegiam a técnica à força. Para além disso, tentam ir mais longe na análise, no conteúdo dos treinos ou na preparação física."
Outra característica que tem sido exaltada em AVB é a transparência do discurso. "Ele fala com o coração", disse Payet, a estrela da equipa, confirmando que o treinador conquistou o grupo.
O trabalho de Paulo Sousa tem sido também fortemente elogiado, nomeadamente nas redes sociais, com os adeptos claramente encantados com um futebol apoiado (e concretizador) como há muito não se via naquelas bandas. Aliás, há 20 anos que o Bordéus não tinha tantos golos marcados ao fim de 16 jornadas (27 golos). "Os girondinos ofereceram um verdadeiro recital aos seus adeptos. Embalados pelo brilhante Josh Maja, os bordaleses destroçaram o Nimes", escreveu o "Made in Foot".
As análises da Imprensa gaulesa têm incidido sobretudo na grave crise diretiva do Bordéus, mas o trabalho do técnico luso não tem passado despercebido. Longe disso. E, para caracterizar o técnico, o defesa Koscielny utilizou apenas três palavras: "Trabalho. Técnica. Reflexão."