"O Milan pode esquecer o título da Serie A. É melhor focar-se na Champions"
Arrigo Sacchi reagiu com críticas ao empate sem golos que os “rossoneri”, de Paulo Fonseca, registaram frente à Juventus, mas recusou colocar toda a culpa no treinador português
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Arrigo Sacchi, histórico treinador que venceu duas Ligas dos Campeões e uma Serie A pelo Milan, reagiu com críticas ao empate sem golos que os “rossoneri”, agora orientados pelo português Paulo Fonseca, registaram na receção à Juventus, no sábado, na 13.ª jornada da Serie A.
Em declarações à Gazzetta dello Sport, o ex-selecionador italiano apontou que o Milan se encontra atrás dos principais rivais na luta pelo “Scudetto” e, nesse sentido, considerou que será melhor focarem-se em avançar o máximo possível na Liga dos Campeões.
“Estive em San Siro a assistir ao Milan-Juventus, motivado acima de tudo pela curiosidade de ver ao vivo duas equipas que ainda não se expressaram totalmente no seu melhor em termos de jogo, nem no campeonato nem na Champions. Bem, fui o espetador de um jogo que não podia ter sido mais cinzento, não teve um mínimo de emoção. Se os ‘bianconeri’ tinham várias baixas e talvez a sua exibição banal tenha sido justificada, o Milan desapontou-me realmente. Os assobios dos adeptos foram completamente compreensíveis dado o pouco que se viu, que foi o único choque numa noite negativa. Eu tinha Franco Baresi e Daniele Massaro ao pé de mim e, olhando para o ritmo lento do jogo, disse-lhes: ‘Se continuarem assim, podem jogar também e certamente farão boa impressão!’”, começou por revelar.
“Em todo o caso, o que o Milan está a produzir não é satisfatório e os adeptos estão muito desiludidos. Alguns têm uma confiança exagerada e continuam a colocar o Milan entre os candidatos ao ‘Scudetto’. Eu mantenho que podem esquecê-lo. Há demasiadas equipas acima deles e essas equipas estão a andar a mil à hora e têm uma identidade de jogo muito específica. É difícil para o Milan fazer uma grande recuperação, também porque têm muitos detalhes para resolver antes de chegarem a um nível bom”, apontou, isto numa altura em que o Milan, onde joga o internacional português Rafael Leão, ocupa a sétima posição da Serie A, estando já a dez pontos do líder Nápoles (29), ainda que tenha um jogo a menos.
Ainda assim, Sacchi recusou colocar toda a culpa dessa deceção em Paulo Fonseca, defendendo que os jogadores “rossoneri” também precisam de assumir responsabilidades e apelando a que se deixem motivar pelo “orgulho”.
“Parece-me mais razoável que eles se concentrem na Liga dos Campeões e tentem progredir o máximo possível na Europa, talvez seja uma prova mais adequada para os ‘rossoneri’, como alguns podem pensar depois daquela vitória esplêndida contra o Real Madrid. No entanto, há muito trabalho pela frente. Não é possível jogarem em casa com a Juventus e não terem um único remate à baliza. Estes jogadores precisam de ser estimulados pelo seu orgulho. Não podemos pensar que a culpa pelos resultados pouco satisfatórios é sempre do treinador, porque nesse caso estaremos a dar um álibi a quem joga. O segredo do sucesso é: um grande clube, um treinador bom e jogadores bons que o sigam e que coloquem a mão no fogo por ele. Será que todos esses componentes estão presentes no Milan atual?”, questionou, em jeito de conclusão.
O Milan vai jogar na terça-feira (17h45) em casa do Slovan Bratislava, na quinta jornada da fase regular da Liga dos Campeões. Os italianos seguem na 20.º posição da Liga dos Campeões, com seis pontos, ao passo que os eslovacos são os últimos classificados da prova, estando ainda a zeros.