"Os meus pais fizeram-me ver que não iam gastar dinheiro para eu brincar no Braga"
Antes de ingressar no Braga, Pedro Neto jogava hóquei e praticava futebol no Vianense e, depois, numa academia do Sporting. Foi só na capital do Minho que o desporto-rei ganhou exclusividade.
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Criado numa família de desportistas, Pedro Neto teve no hóquei uma primeira paixão, ou não tivesse o seu pai, com o mesmo nome, sido jogador desta modalidade, tendo representado o Juventude de Viana e o Infante de Sagres. A mãe, Cristina Lomba, foi voleibolista e o tio da parte materna, Sérgio Lomba, futebolista.
Nascido em Viana do Castelo, o futebolista do Wolverhamton praticou desde novo hóquei e chegou a conciliar este com o futebol, como nos conta.
"Pensei que seguir os passos do meu pai. Tinha jeito para o hóquei, cheguei a ser chamado às seleções jovens"
Pode revelar-nos um pouco como chegou ao futebol, como foi o seu percurso e o momento em que decidiu: é este o caminho que quero seguir?
-Eu jogava hóquei no ED Viana, o meu pai era hoquista e sempre pensei que ia seguir os passos dele no desporto e ser hoquista, até porque tinha jeito e cheguei a ser chamado para as seleções jovens. Mas, depois, o meu avô levou-me a treinar futebol no Vianense e eu adorei aquilo. Joguei também numa Academia do Sporting em Viana e a possibilidade de mudar-me para o Braga só chegou mais tarde, quando já tinha 13/14 anos. E foi só quando me mudei para Braga que tive de abandonar o hóquei, até essa altura conciliei os dois desportos. Foi a partir do momento que cheguei ao Braga que comecei a focar-me no futebol e a trabalhar para alcançar aquilo que pretendia. Os meus pais ajudaram muito nisso, tiveram um papel fundamental. Eles trabalhavam muito e fizeram-me ver que não iam estar a gastar dinheiro para andar lá, no Braga, a brincar. Como é óbvio, desfrutei dos meus momentos próprios da idade, mas a partir dali, mentalizei-me que tinha de trabalhar para concretizar os meus sonhos e, felizmente, as coisas estão a correr bem.
Nesse início de carreira, ainda para mais em que chegou a praticar duas modalidade, teve algum ou alguns treinadores que o marcaram mais?
-Sim houve algumas pessoas importantes no meu percurso. Nomeadamente o míster Pedro Pires, que me levou para o Braga. Foi ele que me mentalizou muito para o futebol. Ajudou-me também numa fase em que não estava a jogar no Braga, ele depois saiu do clube e quando regressou foi importante. Foi ele também que começou a ensinar-me o futebol taticamente, quando as coisas tornaram-se mais sérias. Eu sou um jogador muito extrovertido e isso já vem do tempo nas escolinhas do Sporting, onde tive um treinador, o Edi Maciel, que me dizia: "Eu quando te vejo a jogar sorrio, por isso vai para dentro de campo e diverte-te". Entre o Vianense e o Braga, houve pequenos/grandes gestos que me ajudaram a ganhar confiança e a crescer.
"Em Itália evoluí taticamente"
Aos 17 anos, Pedro Neto trocou o Braga pela Lázio e apesar de quase não ter jogado não há arrependimento por essa decisão.
Mudou-se para a Lázio, quase sem jogar no Braga. Foi um impacto grande?
-Sim, entrei numa cultura diferente, num país diferente, numa forma de jogar diferente. Tinha apenas 17 anos quando me mudei para Roma, mas felizmente tudo correu bem.
Mesmo sem ter tido muitas oportunidades?
-Estava em final de contrato com o Braga, mas conseguiram segurar-me apesar do interesse de vários clubes. Mas, depois, a Lázio fez uma oferta importante. Eu só tinha feito três jogos na equipa principal e foi um salto grande e rápido, mas não voltaria atrás. Aprendi muito apesar de ter feito apenas cinco jogos. Evoluí muito taticamente, aprendi o que é estar num balneário fora de Portugal e estamos a falar de um campeonato muito apetecível.
Quais foram os principais ensinamentos que retirou dessa experiência?
-Sobretudo a questão tática do jogo. Desde a juventude, sou um jogador com grande garra, mas a passagem pela Lázio ajudou-me a trabalhar mais sem bola, a correr pela equipa.
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